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Entrevista

Riedel destaca investimentos do primeiro ano na gestão de MS

Governador defende mudanças estruturais na administração pública que precisam de apoio dos municípios e do Congresso

Governador Eduardo Riedel durante entrevista à Rádio CBN Campo Grande. - Foto: Álvaro Rezende/CBN
Governador Eduardo Riedel durante entrevista à Rádio CBN Campo Grande. - Foto: Álvaro Rezende/CBN

O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), está às vésperas de completar o primeiro ano à frente da gestão do Estado. Uma marca do seu governo tem sido a busca por investimentos e parcerias público-privadas para alavancar o desenvolvimento econômico regional sustentável. Na última quinta-feira (7) ele atendeu ao convite do Grupo RCN e participou como convidado de um dos episódios da série Análise e Perspectivas 2023/2024, exibida pela Rádio CBN Campo Grande, em parceria com a Rio Negro Investimentos. Riedel falou sobre as ações já realizadas e em andamento que impactam no desenvolvimento do Estado a curto, médio e longo prazos. Acompanhe alguns dos principais trechos da entrevista.

Qual análise o senhor faz deste ano de 2023, a partir do olhar da administração estadual?

Eduardo Riedel: O ano de 2023 é onde a gente consolida um passado recente de reformas profundas, porque o Estado, de uma maneira geral, está formatado em cima de algumas bases, que eu, particularmente, tenho discutido isso muito intensamente e procurado avançar nessa agenda, que é a reforma do próprio Estado. Uma reforma que precisa passar Município, Estado e União. A capacidade de se aplicar os orçamentos de maneira mais assertiva e mais eficiente, passa pela necessidade de reformas.  Então, quando foi feito lá atrás, a reforma da previdência de MS, a reforma tributária, a Lei do Teto, tudo isso preparou Mato Grosso do Sul para o momento que a gente está vivendo. Eu acho que esse é um primeiro dado relevante, olhando para 2023, que a gente consolidou todo esse posicionamento no campo administrativo interno.  Outra grande questão que a gente vê consolidada são as principais mensagens que a gente quer passar ao mercado. E não é só ao mercado interno. Com vários empresários que a gente conversou nesse ano, que investem em segmentos diferentes da economia, a grande questão passa pela confiança na segurança pública, no sistema educacional e nas propostas de capacitação que a gente tem para o funcionário, na política e na capacidade de investimento do Estado.  Por que isso é importante?  Porque você precisa de acesso por estrada, você precisa de modal de logística, você precisa de educação de qualidade, investimento nas escolas, investimento na qualidade do ensino.

E nesse contexto, qual é o maior desafio?

Eduardo Riedel: É um outro lado que muito pouca gente está falando.  A mãe de todas as reformas não é a tributária, é a administrativa, é a qualidade do gasto, é o como os governos podem entregar mais com menos. Esse, para mim, é o grande desafio estrutural do público, que passa e percorre uma série de reformas nacionais ainda por vir. Não depende só do Estado. A gente foi no nosso limite aqui de algumas reformas. Agora, a gente precisa de reformas estruturantes, do ponto de vista administrativo, no âmbito do Congresso Nacional. Aí a gente pode realmente ganhar competitividade.  Porque do jeito que está ali, a gente acaba demandando e a saída fácil é: “vamos arrecadar mais”. E isso não pode ser a tônica e o modelo que a gente deve seguir, mesmo porque a reforma está aí. Então, manter em 17% o ICMS no Estado é uma decisão conceitual.

Desde o início do ano o senhor tem conversado com empresários no exterior e aqui no país com potencial para investir em MS. Quais os resultados práticos desses encontros?

Eduardo Riedel: Quando a gente se dispõe a sentar na mesa e conversar claramente sobre as agonias, as angústias e as boas coisas, você gera uma relação de confiança. O MSDay foi uma atitude que a gente resolveu tomar do encontro empresarial num formato empresarial e não político. O resultado prático disso é que muitos empresários, não só de São Paulo, mas que têm escritório lá, que são do Sul, do Paraná, do Nordeste Brasileiro, conheceram o Mato Grosso do Sul. Por exemplo, fechamos um negócio que está acontecendo agora. Construíram uma cidade ao lado de Sidrolândia, que é a Inpasa. Em cinco meses eles aportaram 1,5 bilhão de reais.

O que o Estado tem feito, em projetos efetivos, para atender às necessidades demandadas por esses empreendimentos?

Eduardo Riedel: É um processo que depois que ele começa, você não tem como frear. E, só tendo um ciclo positivo da economia e capacidade de investimento do Estado, pois tem que andar juntos, pra dar certo. Se fosse um Estado quebrado, a gente teria muita dificuldade de atrair.  Por exemplo, em Ribas do Rio Pardo, nós temos mais de 300 milhões de reais em investimento do Estado em infraestrutura, a pedido da Suzano (mega-fábrica de celulose). Então, é a predisposição do Estado em colocar recurso direcionado em investimento que vai trazer competitividade. E o Estado tem que estar próximo e investir em política pública, sala de aula, posto de saúde, segurança pública, porque nós estamos crescendo.[…] Olhando o Mato Grosso do Sul do ponto de vista econômico  e do ponto de vista da sustentabilidade para os próximos 20, 30 anos,  eu sou extremamente confiante do que a gente tem plantado aqui em relação às perspectivas.

Existe um prazo para que toda essa infraestrutura esteja concluída, para que MS seja ainda mais atrativo para os empreendedores?

Eduardo Riedel: A gente tem que fazer a nossa parte aqui, nesse momento, pensando longe, lá na frente. E quando você me pergunta em quanto tempo a infraestrutura fica pronta? Ela não fica. A Suíça, que é um país de 7 milhões de habitantes, um dos maiores PIBs per capita do mundo, não está pronta. Não tem mais nada para fazer. Mas só eles inventam um túnel para atravessar uma montanha, um trem mais rápido, uma outra forma. É um processo contínuo. Nós estamos muito atrasados. Então, nós temos que dar um salto maior. E é um processo que eu não vejo fim. Eu vejo etapas a serem perseguidas. E, a educação, para mim, é o principal processo que a gente tem que avançar rápido. Se a gente não construir um sistema robusto hoje, de formação dos mais de 207 mil alunos que a gente tem, tudo isso se perde. Tudo isso se esvai.