Último a chegar e o primeiro a ir embora. Poucas palavras trocadas com os presentes e tom crítico nas tradicionais entrevistas com a imprensa, na saída do evento. Assim foi a participação do prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), na inauguração do Bioparque Pantanal (novo nome do Aquário), ontem, no Parque das Nações Indígenas.
A aparição de Marquinhos foi polêmica e suas declarações acabaram em reações na mesma altura de outros pré-candidatos ao governo envolvidos no lançamento, no caso, o tucano Eduardo Riedel, atual secretário de Infraestrutura de MS e o emedebista e ex-governador André Puccinelli. "Sinto pena desse tipo de comentário", disso o primeiro. "Está com dor de cotovelo", afirma o segundo.
Momentos antes, em evento para lançar uma central de monitoramento na Agetran, Marquinhos fez críticas ácidas ao Bioparque. Isso demonstra qual deve ser a tônica de sua campanha, caso confirme até o fim da semana sua renúncia à cadeira de prefeito da Capital.
Lá, ele preferiu destacar supostos desvios de recursos e atos de corrupção, fazendo piada com a obra. "No final prenderam só os peixes", disparou, sem lembrar de obras municipais que seguem sem solução, como o Centro de Belas Artes e a revitalização da Ernesto Geisel.
Apesar do tom de contrariedade ao Bioparque, Marquinhos foi à inauguração do complexo e teceu mais críticas, inclusive com números que, segundo o Governo do Estado, são inverídicos. "Foram entregues hoje só 30% da obra", disse o prefeito. Em seguida, ao ser perguntado sobre a importância da obra emblemática, ele respondeu: "diria que é mais problemática".
DESCONHECIMENTO
Para o governista Eduardo Riedel, a fala de Marquinhos não procede. "Não vou entrar no mérito se isso é por causa das eleições que se avizinham. Convido ele para vir aqui [no Bioparque] para ver que tem 98% concluso. É algo feito por várias mãos e diferenciado, referência".
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Riedel continua ainda dizendo que a obra ser entregue é sinal de maturidade política entre a atual e a gestão anterior. "Não ficaram politicando em cima do dinheiro e dos recursos da sociedade sul-mato-grossense. Pelo contrário, tiveram muita responsabilidade, atraindo o que há de melhor em ciência e tecnologia para cá", concluiu.
DEVERIA OUVIR O POVO
Já André foi menos cauteloso em suas falas e adotouo estilo populista semelhante ao de Marquinhos. "Eu perguntei ao povo se eu deveria vir à inauguração, e 71% disse que sim. Ele precisa ouvir o povo e, como advogado que é, deveria verificar que não há ilegalidade aqui. Não quero crer que esteja desesperado, pois ele é um bom candidato", rebateu o ex-governador.
"Lá na frente vamos debater isso e mostrar o desconhecimento que ele tem na obra, do que a população diz. Ele precisa ir ao encontro da população para ser orientado. A população quer saber cadê as obras que pararam, o porquê de estar começando a aparecer mais buracos".
MODUS OPERANDI
No sábado (26), em evento do PSB na Câmara Municipal, o prefeito Marquinhos Trad revelou ter conversado com todos os outros pré-candidatos ou envolvidos nas respectivas campanhas, que buscavam seu apoio para as eleições deste ano – entre eles André.
Questionado sobre o tom adotado por Trad nas conversas reservadas, se também é aspero como nas declarações feitas à imprensa, André afirmou que "conversa com todo mundo". "Comigo ele sempre foi cordial. Respeito o Marquinhos e quero ter um debate em alto nível com ele".
