Durante visita a Dourados realizada ontem (20), o pré-candidato tucano ao Governo do Estado, Eduardo Riedel, comentou a polêmica adesão feita por PSB e PDT à sua pré-campanha, que começou a ganhar peso há 20 dias a partir de sua saída da pasta de Infraestrutura, a qual ocupou por mais de um ano – antes, ele era o chefe da secretaria de Governo.
Apesar de ter confirmado no início da semana que selou em definitivo o palanque presidencial para Jair Bolsonaro (PL), de forma exclusiva, Riedel, nessa nova declaração, voltou a abrir as portas para as duas siglas historicamente ligadas à esquerda brasileira.
"Partidos de outros alinhamentos, como o PSB e o PDT, se entenderem que nossa aliança é a melhor alternativa, serão bem vindos e isso será bem conversado, em termos de conteúdo programático. Vamos discutir e fazer o melhor para o Mato Grosso do Sul", frisou.
Completando a fala, Riedel ainda reforça o palanque dele hoje ao lado de Bolsonaro, acrescentando que a plataforma de sua pré-campanha e provável campanha vai se encaixar em um espectro político conhecido como centro-direita.
Em evento no Cepaer (Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer) na segunda-feira (18), Riedel revelou estar "fechado com Bolsonaro" à reportagem da CBN Campo Grande, se alinhando à ex-ministra Tereza Cristina (PP), líder bolsonarista e pré-candidata ao Senado.
No mesmo dia, ele ainda recebeu o apoio de quase 90% dos prefeitos (71 dos 79 existentes) de Mato Grosso do Sul, em carta assinada na sede tucana em Campo Grande. O fechamento com Bolsonaro ocorre após serem levantadas hipóteses de Riedel aceitar dar palanque para outros presidenciáveis e o MDB divulgar que busca aproximação com Tereza.
PDT EM CRISE
Outrora tido como "o partido de Dagoberto", fazendo alusão ao comando do deputado federal Dagoberto Nogueira, o PDT de Mato Grosso do Sul acabou se afastando de suas raízes de esquerda e optou, em declarações públicas, apoiar o PSDB desde o ano passado.
No começo de abril deste ano, Dagoberto acabou migrando, após três décadas, do PDT para o PSDB, onde encontraria mais condições para buscar a reeleição ao parlamento federal. Porém, a mudança e aliança polêmica foram mal recebidas em Brasília e motivaram uma intervenção da nacional.
Entre os interventores estão dois nomes próximos de Marquinhos Trad (PSD), opositor de Riedel nesse período pré-eleitoral: o advogado José Belga Trad, primo do ex-prefeito, e a atual secretária municipal de Educação, Alelis Izabel de Oliveira Gomes.
Mesmo que o parentesco não seja sinônimo de parceria política – outro primo de Trad, Luiz Henrique Mandetta, por exemplo, figura em lado oposto – e a prefeitura esteja sob o comando de Adriane Lopes, a presença dos dois é vista como uma ameaça ao acordo anterior.
Além disso, grupos que mantém fidelidade à ideologia de esquerda contestam tal possibilidade, mesmo que não haja nada fechado por ora. Assim, o partido expõe três grupos: dois favoráveis à aliança com Riedel ou Marquinhos, e outro a favor de uma frente de esquerda.
PSB EM DÚVIDA
Um dos poucos partidos no Estado com diretório definitivo e não provisório, o PSB flertou com Marquinhos Trad e inclusive viu seu presidente regional, Ricardo Ayache, ser pré-anunciado como seu vice na disputa pelo Governo do Estado. No entanto, Ayache negou o acerto e acabou esfriando as conversas com o ex-prefeito da Capital.
Paralelamente, Ayache manteve negociações com o governista PSDB e praticamente fechou apoio para Riedel – algo que ficou público na filiação de Paulo Duarte, ex-MDB, à sigla, em companhia de Ayache e do articulador tucano Sérgio de Paula.
Contudo, os planos de seguir o tucanato em Mato Grosso do Sul podem ser frustados pela Executiva nacional dos socialistas. Por ora, existe uma recomendação para que alianças com nomes que apoiem Bolsonaro sejam evitadas. Tal orientação deve, em breve, se tornar uma normativa interna, afastando assim PSB e PSDB no Estado.
Desde a ida do ex-tucano e ex-governador paulista Geraldo Alckmin para o PSB e seu anúncio como vice de Lula na disputa pela presidência da República, é discutida a possibilidade do PSB formar uma federação com PT, PV e PCdoB. Mesmo que isso não ocorra, o partido deve caminhar lado a lado com os petistas, acredita-se, inclusive nos estados.