O deputado estadual Ary Rigo (PSDB), primeiro-secretário da Assembleia Legislativa, negou nesta manhã, durante entrevista coletiva, qualquer envolvimento em esquema de corrupção e pagamento de propina ao Tribunal de Justiça e Ministério Público Estadual para "salvar a pele" do prefeito de Dourados, Ari Artuzi.
Ele contestou a veracidade do vídeo gravado pelo jornalista Eleandro Passaia, em que fala sobre “devolução” de dinheiro ao governador André Puccinelli (PMDB) e pagamento de R$ 300 mil ao MPE e R$ 900 mil ao TJ.
“É uma fita ilegal, montada, foi tudo editado”, garantiu, ressaltando que os repasses, ao qual se referiu, são os valores aproximados que TJ e MP “obtiveram a mais por força de intervenção dos deputados”.
Na prática, Rigo enfatizou que a Assembleia Legislativa foi a que mais sofreu redução nos repasses constitucionais para que Judiciário e Ministério Público fossem menos afetados.
O parlamentar também justificou suas declarações afirmando que tentava “impressionar” Passaia ao falar de tais valores. “Para mostrar força e impressionar o meu interlocutor, referi-me aos valores como se partissem da Assembleia”, admitiu.
Sobre a devolução de R$ 2 milhões e depois de R$ 6 milhões ao governador, a que Rigo se refere no vídeo postado no Youtube, ele também atribuiu a valores repassados à Casa e não utilizados e à economia que o Legislativo tem feito nos últimos meses, a partir de várias medidas de contenção não citadas.
No vídeo postado no Youtube, Rigo também se refere ao desembargador Claudionor Abss Duarte, como se ele tivesse “segurado” a prisão do prefeito de Dourados, Ari Artuzi. Rigo negou e disse que só conversou com o magistrado “para saber se fora feito outro pedido de prisão contra o prefeito de Dourados”.
Sobre os pagamentos a que se referiu para o Ministério Público, Rigo garantiu que jamais “exerceu qualquer influência sobre o órgão”, sobretudo sobre o ex-procurador geral de Justiça, Miguel Vieira da Silva.
“Tanto é que o Ministério Público requereu a busca e apreensão de bens e documentos, a prisão e o afastamento do prefeito”, detalhou, referindo-se a fatos relacionados à operação Owari, da Polícia Federal, que desmantelou esquema de corrupção na prefeitura de Dourados.
Rigo também falou sobre a afirmação de que cada deputado estadual receberia 120 mil reais por mês, até entrar em vigor a Lei da Transparência. “Evidente que quis referir-me ao valor total do custo de gabinete de cada um”.
“Nós aqui pagamos imposto de renda sobre R$ 27.048,00 e temos uma verba indenizatória de R$ 11.250,00, isso dá 38 mil reais. Nós temos mais 10 cargos de gabinete que isso dá mais 32 mil reais. Isso dá R$ 70 mil. Se fossemos aplicar o que manda a Constituição, que é 75% dos que a Câmara Federal tem, esta verba de pessoal de 32 mil deveria ser acrescida de mais 13 mil. Isso daria R$ 83 mil. Além disso, temos uma verba indenizatória, cada Assembleia tem um valor. Aqui, temos R$ 11.250, 00, mas se adotássemos o valor que outras Assembleias do País, que é mais R$ 40 mil, nós chegaríamos a R$ 123 mil”, somou.
Ele fechou as explicações dizendo que os 32 anos de vida pública, incluindo 6 mandatos de deputado e um de vice-governador, “jamais foram manchados por qualquer ato”.