Veículos de Comunicação

Editorial

Risco alto

Leia o Editorial publicado na edição do Jornal do Povo deste sábado

Leia o Editorial publicado na edição do Jornal do Povo deste sábado - Divulgação
Leia o Editorial publicado na edição do Jornal do Povo deste sábado - Divulgação

Infelizmente a pandemia avança, não temos vacina e as medidas das autoridades federais são pífias diante da gravidade que se constata dia a após dia nas cidades brasileiras. Campo Grande adota a partir de segunda feira próxima, durante toda a semana a suspensão de atividades em vários setores da atividade. O aumento do afastamento social como medida quase que redentora para baixar os índices de contaminação do mutante Coronavírus é mecanismo essencial para o controle desta crise sanitária.

A capital do Estado entrou na fase cinza, ou seja, em alerta máximo. Outras 44 cidades sul mato-grossenses, encontram-se com bandeira vermelha, que considera fase de risco alto entre seus moradores. Mais, 32 cidades estão com bandeira laranja, apresentando um cenário que recomenda a desaceleração em nível médio da força de trabalho e atividades cotidianas. No Estado, somente duas cidades encontram-se em situação tolerável, ou seja, de controle de contágio da Covid-19. Para agravar, a dengue volta atacar. Somente em Três Lagoas 1.258 casos foram notificados, entre esses, 335 confirmados para fins de estatística. A Dengue também mata. Estamos de sobreaviso.

Os postos de saúde de pronto atendimento em número de seis passaram atender até às 21 horas.  Não são poucas as pessoas que aguardam oxigênio e vagas nas UTIS dos dois hospitais da cidade. E, a partir das 20 horas até às 5 horas da manhã do dia seguinte, decreto municipal determina recolhimento das pessoas em suas casas. Esse quadro extremo de alerta evidencia que se não houver afastamento social e vacinação o número de mortes causadas pela Covid-19 será bem maior no Estado de Mato Grosso do Sul que contabilizava 3.755 mortes, até ontem, dia 19. Em Três Lagoas faleceram 97 pessoas até quinta – feira. A situação é gravíssima no país que ultrapassa em mais de 287.800 mortes. Em vez de adotar novas providências para conter essa mortandade macabra, o novo ministro da Saúde, Queiroga, diz que irá fazer blitz em UTIs país afora para identificar se estas mortes são mesmo por Covid ou outras causas, fazendo coro com o discurso negacionista do presidente da República, que ajuizou no STF ação contra três estados da Federação, porque seus governadores adotaram medidas extremas de proteção para a população visando controlar esta pandemia que dá sinais em sair do controle.

É verdade que existe uma legião equivocada que acha que a vida deve continuar o seu ritmo e morra quem tiver que morrer, porque sempre haverá mortes entre nós. Triste saber que há os que assim pensam, porque no interior da maioria dos brasileiros, reside o sentimento do amor, da solidariedade diante de uma vida ceifada, seja qual for o seu tempo – de jovens a idosos. Estamos vivendo um momento extrema gravidade. Não nos antecipamos para comprar e fazer reserva de mercado de vacinas para a população.

As compras que anunciaram ontem de mais ou menos 115 milhões de vacinas, serão entregues em etapas até o fim deste ano. Se é certo que a imunização das pessoas as salvará, do jeito que anunciam vacinação para até o fim deste ano, certamente, estaremos diante do risco da morte, como anunciou o combativo senador paulista, Major Olímpio, que aos 58 anos teve sua vida ceifada por esse vírus. Não sabemos quando será controlado. Estamos quase a deriva, sem liderança firme, capaz e competente para dar o rumo certo e encontramos a solução mais imediata. Enquanto se pensar em reeleição, ver e ouvir o fantasma do impeachment, a cegueira administrativa continuará imperando em detrimento da vida de milhares de brasileiros que poderão se tornar vítimas da pandemia. Não haverá ministro da Saúde com dignidade que suportará a negação da ciência.