Um dia após ir à tribuna do Senado para rebater a série de denúncias de irregularidades administrativas desde que assumiu a presidência da Casa pela terceira vez, José Sarney (PMDB-AP) disse que é dever de deputados e senadores combater os “maus parlamentares”.
Num discurso, na solenidade que lançou a campanha institucional O Congresso Faz Parte da sua História, ele afirmou que cabe aos parlamentares corrigir os erros praticados.
Entre as denúncias está a assinatura, ainda na gestão do ex-diretor-geral Agaciel Maia, de uma série de medidas administrativas não publicadas. Entre esses atos secretos, a imprensa tem mostrado contratações de parentes do presidente do Senado.
“Nossa função é responder a isso e procurar de toda maneira que nós, nesses novos tempos, tenhamos condições de corrigir todos os erros e fazer com que o povo não olhe o parlamento pelos seus defeitos. Nossos valores não podem ser julgados pela imperfeição do exercício, dos valores morais e dos valores do parlamento que são feitos muitas vezes por maus parlamentares a quem devemos combater.”
No discurso, José Sarney fez um longo retrospecto da história do parlamento brasileiro para demonstrar a importância das pessoas políticas nos avanços da sociedade. Lembrou que benefícios concedidos a parlamentares, hoje considerados regalias, como o auxílio-moradia, entre outros, foram criados para que os parlamentares tivessem maior independência.
“Isso não foi feito para usufruir vantagens, mas para que o parlamentar tivesse maior independência e pudesse ser livre na opinião do seu voto”, ressaltou o presidente.
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), que participou da cerimônia, também fez referências às frequentes críticas da sociedade ao Legislativo. Segundo ele, por ser dos três Poderes – o que está mais suscetível a interferência e participação popular – é natural que o Congresso seja o mais criticado.
Temer defendeu a divulgação, pela imprensa, do que é feito no Congresso. Para ele, esta é a melhor forma de se fortalecer a instituição e, neste sentido, destacou o papel do Congresso como o Poder garantidor da democracia. “Não há crítica à crítica que se faz, mas faço uma constatação: estamos em absoluta normalidade democrática. Não falo de seus membros, mas da instituição que é fundamental na democracia e daí a importância de se divulgar o que se faz”.