O jogo no tabuleiro da sucessão estadual ainda está confuso com o futuro de pré-candidatura do prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, do PSD. Há dúvidas se Marquinhos vai renunciar mesmo ao mandato em abril para correr o risco numa eleição de governador. Os adversários esperam por uma definição dele para planejarem a estratégia de campanha.
Na minha avaliação, Marquinhos se sentiria mais à vontade se as pesquisas o apontassem na liderança da preferência do eleitor no início da pré-campanha. Mas não é isso que está mostrando os institutos de pesquisas. Ele está um pouco distante do ex-governador André Puccinelli, do MDB, que está na dianteira, podemos dizer, no aquecimento da corrida eleitoral. Então, os números das pesquisas não entusiasmam e não oferecem segurança ao prefeito. Isso mexe com a cabeça do político.
Os números mostram ainda a deputada federal Rose Modesto, hoje no PSDB, podendo sair candidata a governadora pelo Podemos, e o secretário estadual de Infraestrutura, Eduardo Riedel, do PSDB, na cola de Marquinhos. Então, ele ainda não está em uma posição cômoda.
Marquinhos tem até abril para decidir se passa o bastão da administração de Campo Grande para a vice Adriane Lopes, do Patriotas, ou fica no cargo para concluir o seu mandato.
O capital político de Marquinhos é realmente Campo Grande. Só que ele não tem o monopólio dos votos da cidade. Mesmo sendo prefeito, os votos daqui serão divididos com outros candidatos a governador. O André Puccinelli, por exemplo, foi prefeito por duas vezes e duas vezes foi governador. A sua presença na disputa para o governo, é um grande obstáculo no caminho de Marquinhos. Os eleitores que votaram em Marquinhos para prefeito são os mesmos que votaram em André para prefeito e governador. Quem vota no PT, por exemplo, dificilmente apoiaria Marquinhos e muito menos o André.
Para você ver, o cenário do tempo político ainda é nebuloso para Marquinhos na corrida à sucessão estadual. E a eventual candidatura da Rose Modesto pode complicar ainda mais a vida de Marquinhos na campanha eleitoral.
O problema é com quem fazer alianças. Partidos têm de sobra para fechar acordo. Só que os partidos de peso político e eleitoral, aqueles que ajudam a decidir uma eleição, estão aderindo à pré-candidatura de Eduardo Riedel, do PSDB. O União Brasil, em formação com a fusão do DEM com PSL, nasce forte e com muito dinheiro em caixa. Só que o plano desse partido é lançar candidatura própria.
O PP e PL, aliados do presidente Jair Bolsonaro, estão com um pé na canoa de Riedel. O Podemos ainda sonha com a filiação da Rose Modesto para lançá-la na corrida ao governo do Estado.
O PT tem o ex-governador Zeca no radar para disputar o governo do Estado pegando o vácuo do favoritismo de Lula na corrida presidencial.
A incógnita seria o PTB. O ex-senador Delcidio do Amaral seria uma opção de Marquinhos para ter em seu palanque. O ex-senador comanda o PTB no Estado, só que ainda não bateu martelo sobre o rumo a tomar na sucessão estadual.
Então não há muita margem de manobra para Marquinhos montar um palanque aglomerado de partidos de peso.
Se depender do comandante máximo do PSD, Gilberto Kassab, Marquinhos será o candidato a governador. O que falta, como já disse, apoio político para Marquinhos entrar na disputa com a convicção de vitória. Essa convicção ainda não existe. Lógico que o prefeito não vai falar isso. Ele vai manifestar o seu otimismo.
Mas se em abril, ele decide não renunciar ao cargo para disputar o governo, o caminho do PSD será apoiar candidato de outro partido ou apostar no senador Nelsinho Trad, irmão do prefeito. Ele também foi prefeito de Campo Grande por dois mandatos e tem um bom capital político.
O que falta a Marquinhos é capital político no interior para empurrar a sua candidatura. Ele pode ter votos em Campo Grande, mas não tem, imagino eu, no interior do Estado. Só uma ampla aliança poderia ajudar Marquinhos. Assista abaixo: (Com Marcus Moura)