Em discurso no Plenário nesta sexta-feira (13), o senador Mão Santa (PMDB-PI) externou preocupação com o que considera ser uma grande concentração de poder nas mãos do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Para Mão Santa, Lula está controlando dois dos três Poderes da República.
– O Poder Executivo é muito forte, tem o dinheiro. Tem o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], tem o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, tem apoio da maioria do povo brasileiro. Além disso, Lula indicou o Judiciário todo. Acabou a democracia, são dois contra um – alertou.
Mão Santa lembrou que os constituintes, que elaboraram a nova Carta a partir de 1987, criaram mandato de quatro anos para o presidente da República e deram ao chefe do Executivo o poder de nomear os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Mão Santa lembrou que a democracia tem por característica a divisão e a descentralização do Poder.
Mas, destacou Mão Santa, com a instituição da reeleição, o presidente pode ficar até oito anos no poder, como ocorre com Lula. Por conta desse longo período no cargo, o presidente Lula já indicou sete dos 11 ministros do STF, de acordo com Mão Santa. E, segundo ainda o senador, o presidente tem indicado "gente de carteirinha" do PT para o Supremo.
– Se dermos mais tempo a Lula, ele ficará com todo o Poder Judiciário nomeado por ele – disse o senador.
No entanto, destacou Mão Santa, existe o Congresso Nacional para resistir. Na opinião do senador, por conta dessa situação, este é o Senado "mais importante da história" e que está vigilante.
– O preço da democracia é a eterna vigilância. Esta Casa vai salvaguardar a democracia no Brasil – afirmou ao lembrar que os senadores, em conjunto, receberam mais votos do que os concedidos a Lula na eleição para a Presidência da República.
Violência
Mão Santa também lamentou a violência que vem alastrando-se no Brasil. O senador contou ter visitado recentemente outros países e não ter visto sequer crianças pedido esmolas. Disse que não é preciso ir longe para ver lugares em situação melhor que o Brasil: em Buenos Aires e em Montevidéu, por exemplo, é possível andar de madrugada pelas ruas com tranquilidade e ver casas sem muros, contou. Mão Santa lamentou que no Brasil até velórios estejam sendo antecipados por medo de assaltos e que muros e grades estejam se espalhando pelas cidades.