Um dos principais críticos à permanência do senador José Sarney (PMDB-AP) na presidência do Senado, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) mostrou nesta sexta-feira que as denúncias contra o peemedebista já não causam mais impacto entre os parlamentares.
Simon defendeu que as acusações sejam investigadas pela Procuradoria Geral da República, mas sinalizou que não pretende fazer nenhum movimento para que o Ministério Público se posicione sobre o caso. Simon descartou uma nova representação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa.
"Apresentar representação aqui é bobagem. O que pode ser feito é pegar tudo isso e fazer uma representação ao procurador-geral da República [Roberto Gurgel]. Se ele quiser denunciar, denuncia; se não quiser, não denuncia. Ele pode pedir elementos para fazer uma investigação", afirmou.
O peemedebista afirmou que cabe ao PSOL, que tem coordenado as ações contra parlamentares envolvidos em denúncias, propor uma ação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel –que já se manifestou publicamente contrário a uma investigação de Sarney. "Eu não, quem deve fazer isso [levar ao procurador] é o Nery [José Nery, líder do PSOL no Senado]", disse.
A Folha Online procurou o líder do PSOL, mas não teve resposta.
Ao comentar a denúncia de que um dos apartamentos utilizados pela família Sarney em São Paulo teria sido adquirido por R$ 270 mil e registrado em nome da empreiteira Aracati, atualmente conhecida como Holdenn Construções, Assessoria e Consultoria, Simon ironizou.
"Eu nem leio mais essas denúncias. Eu acho que o Sarney é um homem digno, é um homem correto, é um homem que preza pela transparência. Isso aí é inveja dessas pessoas. Eu acho que o que tem que se fazer é uma homenagem a Sarney", afirmou.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) tem posição diferente de Simon e propõe uma discussão maior sobre a denúncia, mas não sinalizou que vai tomar a frente do movimento. "Não podemos deixar passar em branco", afirmou.
O STF (Supremo Tribunal Federal) rejeitou na semana passada o pedido da oposição para a reabertura dos processos contra Sarney no Conselho de Ética do Senado. O presidente do Senado foi alvo de 11 acusações, que envolvem tráfico de influência e nepotismo. Todas foram arquivadas pelo presidente do colegiado que lançou mão da prerrogativa do cargo e nem discutiu as denúncias.