O fenômeno Tiririca, além da votação maciça de 1,35 milhões de eleitores, mostra que a composição de pelo menos uma parcela da Câmara dos Deputados está diretamente vinculada ao sucesso ou fracasso de figuras carismáticas, sem nenhum histórico político.
A bancada de deputados federais por São Paulo terá, a partir de 2011, três novos representantes: os petistas Otoniel Lima e Vanderlei Siraque, ambos do PT, e o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz (PC do B).
Os três devem agradecimento tanto aos eleitores de Tiririca, que compensaram uma votação que os deixaria de fora do Congresso se o palhaço não concorresse, quanto ao sistema do coeficiente eleitoral, um cálculo complexo que visa balancear a distribuição de votos em eleições proporcionais.
Por esse sistema, Vanderlei Siraque, o último içado para o Congresso por Tiririca, conseguiu se eleger apesar de ter recebido apenas 93.314 votos. O número é menor do que outros 10 candidatos, todos eles do PSDB ou DEM.
Entre eles estão sete candidatos que tentavam a reeleição na Câmara, como os tucanos Silvio Torres, Walter Feldman e Antonio Carlos Pannunzio.
Tiririca, no entanto, pode não assumir seu mandato, em fevereiro. A Justiça Eleitoral aceitou, ontem, denúncia do Ministério Público Eleitoral contra o palhaço, que supostamente não sabe ler nem escrever. A lei impede a candidatura de analfabetos.
O juiz responsável pela análise do caso concluiu, a partir de laudo técnico, que há "discrepância de grafias" na carta apresentada por Tiririca à Justiça Eleitoral para provar que é alfabetizado.
Outro caso de puxador de voto, mas ainda em estado de espera, é o deputado federal Paulo Maluf (PP), que teve sua tentativa de continuar na Câmara impugnada pela Lei da Ficha Limpa.
Caso a Justiça o libere, seus 497 mil votos sob júdice seriam suficientes para eleger a si próprio e a mais um companheiro de partido.
A agraciada pela onda malufista será Graciela David Ambrósio, vereadora em Franca e mais conhecida como Delegada Graciela. Com isso, seriam "deseleitos" Vanderlei Siraque e o médico Sinval Malheiros (PV).