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"Três Lagoas é minha filha mais nova"

?Peguei o orçamento fechado; a questão do vendaval, quer queira quer não, abalou demais a cidade"

Márcia Moura -
Márcia Moura -

Márcia Maria Souza da Costa Moura de Paula, professora e mestra em Língua Inglesa e Prática de Ensino de Língua Inglesa, se afastou da vida universitária, depois de 20 anos, para entrar na vida política, a convite do ex-senador Ramez Tebet e de sua filha, hoje vice-governadora, Simone [Tebet].

Hoje, Márcia Moura está prefeita. Assumiu a Prefeitura numa situação bem adversa. “Peguei o orçamento fechado; a questão do vendaval, quer queira quer não, abalou demais a cidade. Veio a minha doença, embora eu nunca quisesse trazê-la à população”, disse em entrevista exclusiva ao Jornal do Povo.

Filha do coronel João da Costa Moura e Vera Maria, irmã de três homens, quando menina foi a que mais deu trabalho. Minha asa cresceu e dei um pouquinho de trabalho, mas sempre com disciplina. Jogava bola, queimada e corria na rua. Na adolescência, gostava de sair. “Gostava de muita festa; na minha juventude aproveitei bastante”, recordou Márcia Moura, que era bailarina clássica e moderna. Casada com o médico Sebastião Nogueira de Paula, mãe de Murilo, administrador de empresas, e Gustavo, economista, seus eternos meninos. Mulher de decisão forte, humildemente confessa que ser prefeita “é a minha mais nova função”. E que Três Lagoas “é a minha filha mais nova. Eu tenho que tentar acertar todo momento. Se eu pecar em algum erro, eu peço desculpas”. A seguir, um pouco da cidadã e prefeita Márcia Moura.

Meu nome completo é Márcia Maria Souza da Costa Moura de Paula, fiz três anos de tradutora e intérprete em São Paulo, onde comecei a namorar, casei em São Paulo e sou muito bem casada com Sebastião Nogueira de Paula, médico. Mudei-me para Três Lagoas, transferiu o curso para Letras, na Federal de MS. Sou filha de militar, por isso, morei muitos anos fora. Quando meu pai entrou para reserva, voltamos para Três Lagoas, minha terra natal. Meu pai chama-se João da Costa Moura e minha mãe Vera Maria, tiveram quatro filhos, sou a única mulher e, segundo minha mãe, fui a quem mais deu trabalho. Mas em casa sempre houve muito diálogo. Na época de adolescência, por exemplo, saía, mas sabia a hora de voltar, nunca houve imposição, mas diálogo, assim eles, meus pais, nos ganharam.

Essa minha doença me modificou em valores de maneira absurda. Foi uma paulada em mim, que onde eu achava que tinha, vou usar aquela expressão, chifre em cabeça de égua, hoje eu enfrento com tranquilidade e tento passar isso para as pessoas. A gente tem que saber enfrentar as dificuldades e administrá-las. Mas quando a gente sente na pele, é muito mais eficaz. Foi uma paulada grande, mas benéfica. De todas as experiências negativas a gente tem que tentar tirar o máximo de proveito positivo. Esse ensinamento foi muito grande. A doença zerou. Graças a Deus, há uma fé muito grande, a parceria dos amigos, o apoio da família, que é incondicional, apoio dos pais, principalmente, do meu marido e dos meus filhos, dos amigos e orações que me fizeram zerar a doença, e obviamente, a parte científica dos médicos.

Eu acho tão mais fácil a gente conversar, tentar argumentar. Se ele não aceitar, eu argumentei, por causa disso, disso e disso. Hoje, com tantas experiências que têm por aí, você tem que argumentar com seus filhos e a política começa aí. A política começa dentro da casa, dentro do relacionamento com o marido, com o companheiro, com a companheira, com seus filhos, com a funcionária, com sua família.

Tenho saudades da universidade, dei aula durante 20 anos. Minha passagem foi muito rica, até porque, quando entrei via concurso público, eu fechei minha academia de balé e ginástica que tinha aqui em Três Lagoas.

Sou formada em balé clássico e moderno. Tive sete anos a academia aqui em Três Lagoas.

Na universidade, dava aulas de Língua Inglesa e Prática de Ensino de Língua Inglesa, essas eram minhas cadeiras. Estou afastada pela Prefeitura, desde que assumi a Secretaria de Cultura (na época), a convite da Simone [Tebet]. Mas tenho muitas saudades da vida universitária. Parei no doutorado, tranquei (não tinha tempo de fazer apresentações e nem publicar meus artigos em revistas especializadas). O mestrado fiz na Unicamp; doutorado estava fazendo na PUC São Paulo.

Hoje, a cultura em Três Lagoas tem uma posição muito forte no cenário do Estado. Estamos de igual para igual com Campo Grande, que é nossa capital. E olhe lá, há situações em que nós temos coisas que Campo Grande não tem, entende?  Por exemplo, a Ecoartes. Três Lagoas é a única cidade que tem. Nós temos hoje 43 projetos culturais só de Três Lagoas, só com verbas nossas, com algumas parcerias de empresas, mas nossas.

Eu defendo meus princípios e decisões com unhas e dentes. Não que eu não ouça e não veja o que é melhor e ceda. A vida é uma negociação positiva. Se eu penso que não posso fazer isso e você vem com argumentos plausíveis, me convencendo, por que não mudar? Assim a gente buscar crescimento. Eu tenho meus princípios, eu sei o que eu quero. Por exemplo, agora, antes de dar esta entrevista, estava tendo reunião sobre o aeroporto. Eu tenho que ouvir os técnicos, eu não posso dar minha opinião assim, ah!, eu quero isso… “Pera” lá, isso vai até um certo ponto. Tem condição de fazer o que eu quero, dentro da legalidade, dentro da técnica, dentro de um profissionalismo, dentro do que é melhor para cidade? Aí a gente tem um diálogo. Mas tem que ter uma liderança.

Quase todo lugar a que eu vou, e isso é muito bom, quebram o protocolo e misturam a prefeita com a professora. Isso valida a nossa vida.

O senador Ramez assinou minha ficha no PMDB, meu padrinho político, na época, também, Joãozinho do Tecidos Três Lagoas, era um peemedebista forte, me convidou, e Simone. Foi assim: Márcia, você conhece muita gente, é daqui da cidade, é professora, quer se doar na política por Três Lagoas.

Eu não tinha experiência política nenhuma, foi um desafio muito grande, um aprendizado maior ainda. Fui vereadora dois mandatos, perdi no terceiro, por pouco, quando a Simone me convidou para ser secretária. Não tenho parentesco consanguíneo, mas a afinidade é muito grande, a gente é muito ligada, a família é muito próxima.

Deus faz tudo tão certo.  Eu não tenho filhos pequenos, tenho as preocupações de filhos, mas não dependem de mim, hoje. Então eu tenho esse meu período totalmente dedicado à cidade, à Prefeitura, à nossa população. Estar prefeita é uma coisa nova, começou no ano passado e o meu prazo é curto. Eu tenho até o 31 de junho de 2012 para lançar situações, depois o Brasil para e vou entregar tudo que proponho ou estarão sendo feito as obras. É o que vejo na cidade. É a minha mais nova função. Muitas vezes você erra inconscientemente querendo acertar. Três Lagoas é a minha filha mais nova. Eu tenho que tentar acertar todo momento. Se eu pecar em algum erro, eu peço desculpas, mas vou tentar também corrigi-lo.

Nós tivemos um ano passado muito difícil, terrível. Foi um ano em que peguei o orçamento fechado, a questão do vendaval, quer queira quer não, aquilo abalou demais a cidade. Veio a minha doença, embora eu quisesse nunca trazê-la à população, que eu não tinha o direito de passar isso à população, mas eu tive que administra isso comigo, foi um período muito difícil na minha vida. Consegui passar graças às pessoas, aonde eu ia,  falavam: estou orando por você, estou rezando por você. Me mandam mensagens, me mandam santos, me mandam imagens, me mandam pensamentos, meu nome está em vários lugares… isso não é gratuito, ninguém faz para ganhar alguma coisa comigo, é do coração. Eu só tenho que agradecer a uma soma de pessoas que querem o bem da cidade. As parcerias são muitos importantes, também.

Quero agradecer de coração a esta oportunidade de estar prefeita em Três Lagoas, estou tentando fazer o meu máximo. Quem vai dizer sobre a reeleição, vai ser a população e o meu partido. Vontade eu tenho. Mas depois, é em Três Lagoas que eu vou ficar, é aqui onde moro.