O três-lagoense deverá pagar mais de R$ 3,30 no litro da gasolina neste começo de ano. O valor é baseado na recriação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), taxa que estava zerada há cerca de três anos, e o aumento da alíquota do PIS/Cofins sobre os combustíveis. O pacote de medidas foi anunciado pelo governo federal nesta segunda-feira, numa tentativa de reequilibrar a economia nacional. De acordo com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o aumento será de R$ 0,22 por litro da gasolina e de R$ 0,15 por litro do diesel nas refinarias. A alta nos tributos, no entanto, pegou os proprietários de postos de combustíveis de surpresa. “É óbvio que estavam falando que haveria um aumento nos impostos, mas não sabíamos quando e quanto. Para a nossa surpresa, esse aumento veio antes do Carnaval e com um valor muito expressivo”, destacou Édson Lazaroto, consultor do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificante e Lojas de Conveniência de Mato Grosso do Sul (Sinpetro/MS).
Embora tenha dito que o reajuste na bomba iria variar de acordo com o posto de combustível, segundo Lazaroto, a alta dos combustíveis alcança diretamente no consumidor. “Nós, revendedores, vamos ter que cobrar estes impostos do governo. Então teremos que repassar ao consumidor. Infelizmente, eles e nós é que pagaremos, uma vez que com um aumento desses é impossível não repassar e, com isso, a tendência é que o consumo caia”, disparou.
O consultor explicou que, em um primeiro momento, a Federação Nacional do Comércio Varejista de Combustíveis chegou a cogitar a possibilidade de a Petrobras não repassar o aumento do imposto em sua totalidade aos revendedores. No entanto, a estatal, assim que anunciada a retomada da CIDE , anunciou que iria repassá-la nos custos. “Quem paga é o último da cadeia, é o consumidor”, destacou Lazaroto.
PREÇO
Ao Jornal do Povo, o consultor do Sinpetro informou que para descobrir o preço final do combustível basta pegar o preço médio e adicionar o aumento. O JP fez a conta. No caso da gasolina, hoje comercializada em Três Lagoas pelo preço médio de R$ 3,124, o valor na bomba passará a ser de R$ 3,344 podendo chegar a R$ 3,519 no posto de combustível mais caro e R$3,11 no mais em conta.
Já o preço médio do diesel passará de R$ 2,811, preço praticado hoje, para R$ 2,96, sendo R$ 2,84 no lugar mais barato e R$3,04, no mais caro. O aumento foi calculado através de dos dados da pesquisa feita pela Agência Nacional de Petróleo, realizada no dia 12 de janeiro. Ao todo, a ANP levantou o preço praticado em 14 postos de combustíveis da cidade.
“Em um primeiro momento os consumidores vão reavaliar seus gastos, com isso cairão as vendas. Ou até mesmo recorrerão ao etanol que, por enquanto, ainda está com um preço competitivo. Mas ainda não temos como prever o impacto nas vendas. Nunca tínhamos visto um aumento tão alto assim.”, completou Édson Lazaroto.
Além da queda das vendas, o consultor do Sinpetro também acredita que o aumento nos combustíveis deverá encarecer uma série de outros serviços e produtos. “Aqueles que não tiverem como colocar o pé no freio, como transportadoras ou quem trabalha com transporte coletivo, vão repassar aos clientes. Tudo depende do combustível”, disse.
Ele completa: “Nós sabíamos que o ano de 2015 seria difícil, mas não esperávamos que seria tão nebuloso assim”.
Os reajustes nas bombas começam a partir de 1º de fevereiro.
JUSTIFICATIVA
O aumento de tributos, segundo o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, visa garantir ao governo federal um reforço de R$ 20,63 bilhões na arrecadação, contribuindo para o aumento da poupança pública. Desse total, R$ 12,18 bilhões sairão dos impostos dos combustíveis.
O PIS e a Cofins terão alta imediata. Além dele, o governo federal anunciou, o aumento da Cide, que só terá validade daqui a 90 dias. A expectativa é que, quando entrar em vigor o reajuste da Cide, o aumento do Pis e a Cofins recue.