Na quarta-feira (15), acadêmicos e professores de diversas Universidades, Institutos Federais e particulares se reuniram em frente a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) para protestar contra cortes na educação. O movimento integrou o dia de greve nacional da educação, que aconteceu simultaneamente em todas as capitais do país.
Os protestos foram motivados pelo contingenciamento anunciado pelo Ministério da Educação (MEC), em abril deste ano, de 30% na verba de todas as Universidades e Institutos Federais do país. Além da suspensão de bolsas de mestrado e doutorado anunciada em maio pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O valor total do contingenciamento é de R$ 1,7 bilhão, ou seja, 3,43% do orçamento geral de todas as Universidades.
Em Campo Grande o protesto reuniu mais de mil pessoas em frente ao portão de acesso da UFMS, próximo ao pontilhão da Av. Costa e Silva. As manifestações seguirão durante a tarde da quarta-feira com aula pública na Praça Ary Coelho.
E após os protestos, na quinta-feira (16), o reitor da UFMS, Marcelo Turine, realizou uma Audiência Pública na Instituição para debater com toda a comunidade acadêmica os impactos do bloqueio anunciado pelo MEC. A reunião contou com a presença de representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Fundação UFMS e IFMS (Sista), Associação dos Docentes da UFMS (Adufms) e acadêmicos.
Na audiência, Turine apresentou o quantitativo de programas de pós-graduação realizados na região centro-oeste; 271 nas Universidades Federais da região, ou seja, 84% do total de pesquisas das universidades federais, estaduais e municipais do Brasil. Dos 383 programas de pós-graduação da região centro-oeste – entre Universidade e Institutos Federais e particulares – 21% correspondem a Mato Grosso do Sul; 41 na UFMS, 21 na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), 10 na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), 5 na UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) e 3 na Uniderp.
Além disso o reitor divulgou a pesquisa do perfil socioeconômico e cultural dos acadêmicos da Universidade, realizada em 2018, onde 73,9% declarou pertencer a faixa de ½ salário mínimo a um salário mínimo e meio, e 4,4% tem renda de quatro salários mínimos ou mais.
Turine revelou ainda que caso o contingenciamento de verbas aconteça, a UFMS pode paralisar as atividades antes do fim do ano “Não é intenção da Instituição interromper em setembro, não queremos isso, só que nós vamos ficar três ou quatro meses sem pagar água e luz. Nós não estamos inadimplentes, mas nós vamos ficar se isso acontecer. Porque nós não vamos priorizar essas contas, em detrimento de bolsas, projetos e auxílios. Agora, se em setembro não houver reversão deste corte e a empresa não manter o fornecimento, a Universidade vai ter que encerrar as suas atividades”.