O governo Bolsonaro está por poucos dias, uma semana exatamente, de completar seu primeiro ano. Neste período inicial de um governo que prometeu muito em termos de “arrumar a casa” há avaliações de que ficou devendo resultados. Há também quem aponte para o mesmo rumo das medidas governamentais e afirme que Bolsonaro está no caminho certo. Em avaliação rasa de um governo iniciante, sobre a violência, mais um ano se passou sem que medidas de longo prazo fossem tomadas. Todas paliativas. O debate sobre o porte de arma, a maior penalização de crimes graves e, principalmente, a aprovação do pacote Moro, foram ensaios do que se pretende. O caminho do combate à violência está só no começo.
Bolsonaro deu alguns passos na economia – e isto pode notabilizá-lo. O resultado do PIB no terceiro trimestre e a geração de quase um milhão de empregos, no ano, dão holofotes ao governo, ao lado da liberação de saldos do FGTS e o 13º salário para o Bolsa Família – medidas simples demais para o tamanho do problema. Os embates com educadores, ativistas culturais, grupos de ciência, movimentos sociais e, principalmente, sindicalistas, aparecem mais do que qualquer avanço. O problema é maior no “jeitão” de tratar as coisas.
As conquistas do setor agropecuário, sim, colocam o governo em posição avançada, como a profissionalização do Ministério da Saúde. E, não por coincidência, os dois ministros destas pastas – Tereza Cristina Correia e Luiz Henrique Mandetta – são do Estado.
Para os municípios, Bolsonaro será um bom gestor se, principalmente, cumprir o pacto federativo e inverter a destinação dos recursos tributários.
Precisa, ainda, fazer muito para abrir os gargalos do transporte, das negociações internacionais, da pesquisa, privatizações, desaparelhar o governo e saber que negociar com o Congresso não significa apenas ceder. Aos brasileiros resta contribuir, torcer e vigiar.
E a imprensa deve continuar desempenhando a missão de acompanhar o dia a dia da administração pública nos três níveis, informando com altivez, sem soçobrar a ameaças e muito menos aos rompantes presidenciais de autoritarismo, porque, acima de tudo, é seu dever preservar os princípios da democracia, da liberdade e das garantias individuais do cidadão através da informação.