O senador Valter Pereira (PMDB-MS) disse ontem que o Senado precisa apoiar a proposta de mudança do sistema de gestão dos hospitais públicos, encaminhada pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão. A matéria está tramitando na Câmara dos Deputados, onde tem encontrado resistência da bancada governista, especialmente do PT.
O ministro, explicou Valter Pereira, está propondo a criação de uma fundação estatal que permitiria aos gestores dos 5 mil hospitais públicos vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS) melhorar a eficiência no atendimento, modernizando o modelo de gestão. Essa fundação estatal permitiria a contratação de profissionais de saúde pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com cobrança de melhor desempenho e demissão em caso de descumprimento de metas de qualidade.
– Alguma coisa precisa ser feita. O ministro Temporão está querendo trazer mudanças e o Congresso Nacional precisa prestar atenção, porque o modelo atual é ineficiente, anacrônico e do século passado. O Hospital Sarah Kubitschek também ganhou autonomia administrativa e se tornou uma referência internacional de competência, eficácia e dedicação à medicina. São as corporações defendendo interesses próprios que não querem as mudanças – afirmou.
O senador Papaléo Paes (PSDB-AP) disse, em aparte, que a saúde está totalmente desorganizada. Ele lembrou o caso de uma mulher grávida que, ao buscar atendimento no Hospital Miguel Couto, enfrentou uma situação bizarra: um médico escreveu em seu braço o endereço de outro hospital e o número da linha de ônibus que poderia levá-la. Papaléo assinalou que se o médico tivesse feito uma avaliação criteriosa, veria que aquela grávida não poderia ser removida para outro hospital e muito menos de ônibus.
– Não é o Senado que está criando dificuldades para a proposta do ministro. A resistência está na Câmara dos Deputados – frisou.