O presidente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), senador Valter Pereira (PMDB-MS), conclamou os senadores a prestar atenção no contencioso que tem se configurado nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, por conta dos preços do algodão. O senador preside reunião da CRAS, que acontece neste momento.
As discordâncias, informou ele, surgiram com a vitória de pleito brasileiro na Organização Mundial do Comércio (OMC) – em defesa dos produtores de algodão brasileiros, o governo do Brasil questionou os subsídios recebidos pelos produtores norte-americanos, o que deixaria o preço do algodão brasileiro em desvantagem concorrencial com o produto dos Estados Unidos. A OMC concedeu permissão para que o Brasil retaliasse, comercialmente, outros produtos dos EUA.
A situação, por sua vez, narrou Valter Pereira, gerou manifestação do novo embaixador norte-americano no Brasil, Thomas Shannon, quanto à possibilidade de seu país contrarretaliar o Brasil.
Agora, informou o senador, o embaixador "recuou no tom de seu discurso" sobre o contencioso do algodão,se dispondo – em nome de seu país – a dialogar acerca do problema.
– A decisão da OMC mostrou que o produtor de algodão estava sofrendo prejuízos, por isso Brasil obteve essa vitória. O tema exigirá muita atenção de todos nós, pois envolve algo em torno de US$ 840 mi, em uma batalha comercial que pode influir nas relações comerciais do Brasil com os Estados Unidos – alertou Valter Pereira. O senador destacou que visita da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, ao Brasil pode suscitar um novo acordo comercial entre os dois países.
Ele acrescentou ainda que a Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior elabora uma lista de produtos norte-americanos passíveis de sofrerem retaliação comercial por parte do Brasil.
O senador aproveitou para tratar de outro tema que aflige os produtores brasileiros e tem também gerado controvérsias comerciais. Trata-se dos subsídios que recebem produtores de diversos países, para a compra de fertilizantes. Ele contou que, no Brasil, o custo de produção agrícola é onerado com cerca de 40% por conta dos preços dos fertilizantes, já que o setor é hoje explorado por apenas três ou quatro empresas que formam cartéis. Ele elogiou recente decisão do governo de intervir na questão.