O livro que inspirou uma geração de esquerdistas latino-americanos teve uma alta súbita em suas vendas depois que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, o presenteou ao colega dos Estados Unidos, Barack Obama , em um esforço para diminuir a tensão diplomática entre os dois países rivais.
"As Veias Abertas da América Latina", livro-manifesto que denuncia séculos de imperialismo na região, era o segundo mais vendido na lista da Amazon.com no domingo. Chávez deu um exemplar em inglês da obra de presente a Obama na Quinta Cúpula das Américas , realizada em Trinidad e Tobago.
Em seguida, Chávez propôs em tom de brincadeira uma parceria empresarial com o novo presidente dos Estados Unidos. O gesto marcou uma forte distinção com as tensões de quase uma década entre ele e o antecessor de Obama, George W. Bush, chamado por Chávez de "diabo."
"Então eu disse, Obama, vamos fazer negócios. Vamos promover livros "eu te dou, você me dá outro", disse Chávez.
Questionado em uma entrevista coletiva sobre o que ele achou do presente, Obama disse: "eu acho que foi uma atitude gentil me dar aquele livro. Eu sou um leitor."
O livro de 1971, escrito pelo uruguaio Eduardo Galeano, descreve a história da América Latina como 500 anos de saques e pilhagens dos recursos naturais da região por estrangeiros, desde a Espanha colonial dos anos 1600 até as multinacionais norte-americanas do século 20.
Não é a primeira vez que recomendações de Chávez sobre um livro se mostraram uma benção para escritores. As vendas do livro "O Império Americano: Hegemonia ou Sobrevivência", do linguista e comentarista político Noam Chomsky, dispararam após Chávez citá-lo em um discurso na ONU.
A Venezuela tem liderado nos últimos anos o ressurgimento do sentimento anti-norte-americano na região. Mas na cúpula em Trinidad, Chávez propôs a indicação de um novo embaixador em Washington . Ele expulsou em setembro de 2008 o embaixador norte-americano na Venezuela, medida que foi respondida com a expulsão do representante venezuelano no país.