Preocupados com o aumento de casos de suicídios em Três Lagoas, vereadores da cidade buscam alternativas e políticas públicas para ajudar as pessoas que pensam em tirar a própria vida. Em 2021, o município registrou 7 casos de suicídio e neste ano, já foram 14.
Por esse motivo, a Câmara de Vereadores realizou nesta semana uma audiência pública para debater o assunto. Fortalecimento de vínculos familiares, escuta ativa, rede de apoio, menor exposição à Internet, religiosidade, autoconhecimento, lazer, vivência comunitária, rede de atendimento público em saúde mental efetivo e ampliado, foram algumas das alternativas levantadas como formas de prevenção ao suicídio, durante evento realizado na Câmara nesta semana.
A audiência foi proposta pelo vereador Issam Fares Junior com o apoio e participação de outros parlamentares, que constantemente tem debatido o assunto na tribuna do Legislativo. Segundo Issam, essa questão é grave e a cada debate é possível avançar na busca de soluções para combater a auto agressão . O parlamentar que é médico afirmou que quando iniciou o atendimento no âmbito de saúde do trabalho, prescrevia muitos medicamentos para doenças depressivas e, atualmente, tem prescrito muito mais medicamentos para dormir e controlar ansiedade, o que demonstra o agravamento da situação em nível geral.
Por esse motivo, o vereador disse que abordar o assunto é de extrema relevância, porque a consequência social de um suicídio é muito danosa, principalmente aos familiares e amigos que ficam. Por isso, destacou que é preciso entender o que fazer para evitar o ato.
Segundo o psicólogo do Ministério Público da Vara da Infância, Sidney Ferreira Ribeiro Júnior, existe uma proposta de formar um comitê para tratar o tema. O psicólogo informou que existem pessoas que atentam contra a vida, porém não querem morrer, mas sim chamar a atenção para seu sofrimento, e que são mais fáceis de salvar. Outras, afirmou, são suicidas realmente, sendo mais difícil de salvar, porque praticam o ato calados. Assim, na visão do psicólogo, quanto mais se falar do tema, mais as pessoas saberão pedir ajuda no momento de crise e de desafios para sua vida, porque a tendência é se isolar. Ele se colocou à disposição para articular a criação de um grupo que ajude na prevenção.
A psiquiatra e especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria e médica atuante no CAPS 2 de Três Lagoas, Priscila Raquel Salomão de Oliveira Neves, informa que rede pública do município é formada desde a atenção básica, nos postos de saúde, com psicólogos para acolhimento e direcionamento para outros profissionais.
No CAPS-2, se atende pacientes com surtos psicóticos, que tentaram suicídio ou casos mais graves de depressão. Ainda existe um ambulatório de especialidades para atendimento, a Clínica da Criança para a área infantil, um programa para adolescentes com ideias suicida e ainda tem a UPA para a entrada de pessoas com emergências psiquiátricas e tentativas de suicídio. O SAMU e Corpo de Bombeiros também auxiliam na contenção de surtos. Ainda tem o CAPS-AD que atende pessoas em uso abusivo de álcool e drogas.
Confira a entrevista abaixo sobre o assunto: