As mulheres tem cinco milhões de votos a mais do que os homens hoje no Brasil. Elas são maioria do eleitorado há dez anos e a tendência se confirma agora, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Em uma eleição presidencial apertada como a de 2010, essa diferença pode definir quem será o próximo presidente. Não é à toa que os principais candidatos – Marina Silva (PV), Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB)—mobilizam suas campanhas para conquistar as mulheres, um grupo tão grande quanto diverso na população brasileira.
A vantagem das mulheres na quantidade de votos, porém, não torna a tarefa de se eleger presidente mais fácil. Obviamente, elas não formam um conjunto uniforme, que pensa ou vota igual. Ao contrário, suas inúmeras distinções (de idade, renda, escolaridade, região, cultura, religião, etc.), cujas múltiplas combinações podem orientar seus votos, são hoje um fator da maior importância para os candidatos. Interpretar, afinal, o que une diferentes mulheres na escolha do próximo (ou próxima) presidente é hoje o maior desafio dos concorrentes ao cargo.
A participação das mulheres nas eleições se tornou tão crucial que, segundo estudo do demógrafo João Eustáquio Alves, foram elas que levaram as disputas de 2002 e 2006 ao segundo turno.
Em 2002, dois dias antes do primeiro turno, Lula tinha, segundo sondagem do instituto Datafolha, 48% das intenções de votos, resultado mais próximo da votação real, 46%. Apenas entre os homens, porém, Lula tinha 53% das intenções; mas, entre mulheres, só 43%. Algo parecido ocorreu em 2006, mas por uma diferença de apenas 4% de intenção entre homens e mulheres. Mesmo assim, o fenômeno se repetiu, segundo Alves.
– Lula ultrapassou os 50% dos votos válidos entre o eleitorado masculino nas duas últimas eleições, mas a menor intenção de voto nele entre as mulheres foi suficiente para impedir uma vitória de primeira.
Para o pesquisador, em 2010 o voto feminino será ainda mais importante, não apenas pela quantidade maior de eleitoras que nos pleitos anteriores. Mas, sobretudo, pela situação atual: além de ter candidatas com mais estrutura de campanha para atrair seus votos, uma delas já está empatada na dianteira, segundo as pesquisas.