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368 denúncias revelam na prática a crise do Transporte Público em Campo Grande

A CPI do Transporte Público em Campo Grande registrou 368 denúncias em 2025, revelando superlotação, atrasos e frota sucateada. Saiba mais!

No total, foram registradas 368 denúncias, refletindo a insatisfação generalizada da população com a qualidade do transporte público na capital
No total, foram registradas 368 denúncias, refletindo a insatisfação generalizada da população com a qualidade do transporte público na capital

A Ouvidoria da CPI do Transporte Coletivo da Câmara Municipal de Campo Grande divulgou, nesta segunda-feira (14), um relatório detalhando as demandas recebidas entre 25 de março e 14 de abril de 2025.

No total, foram registradas 368 denúncias, refletindo a insatisfação generalizada da população com a qualidade do transporte público na capital sul-mato-grossense.

O elevado número de reclamações demonstra o engajamento dos moradores e a gravidade dos problemas enfrentados no sistema.

Principais Problemas Identificados

O relatório consolidou as reclamações em dez categorias principais, que expõem um sistema de transporte público em crise, marcado por falhas estruturais, má gestão e descaso com os passageiros. Abaixo, os problemas mais recorrentes:

  1. Superlotação
    Ônibus operam frequentemente acima da capacidade, especialmente em horários de pico. Passageiros da linha 080 (Jardim Seminário) relatam ficar “pendurados nas portas”, enquanto a linha 109 é descrita como sempre lotada, sem condições adequadas. A superlotação gera atrasos, desconforto e riscos à segurança.
  2. Atrasos e Irregularidades nos Horários
    A falta de pontualidade é uma queixa constante. A linha 520 apresenta atrasos frequentes, e a linha 72 sofre com a ausência ou demora do ônibus reforço. Esses problemas comprometem a rotina de trabalhadores, estudantes e outros usuários.
  3. Má Conservação dos Veículos
    A frota está em estado precário, com goteiras, bancos soltos, janelas quebradas e elevadores para deficientes quebrados. Na linha 070, por exemplo, o elevador não funciona, e na linha 109, passageiros enfrentam chuva dentro dos veículos. A situação eleva o risco de acidentes e compromete o conforto.
  4. Falta de Ônibus
    A redução de linhas e a frota insuficiente agravam a crise. Bairros como Caiobá e Zé Pereira relatam a retirada de linhas essenciais, enquanto a linha 303 Bonança teve seu reforço matinal suspenso sem justificativas. O resultado é o aumento do tempo de espera e dificuldades de deslocamento.
  5. Descaso com Pessoas com Deficiência
    A falta de acessibilidade é alarmante. Elevadores quebrados impedem o embarque de cadeirantes, e sinais sonoros para pessoas com deficiência visual falham frequentemente. Esses problemas excluem e dificultam o acesso de PCDs ao transporte.
  6. Falta de Fiscalização
    A ausência de controle nos terminais e pontos de ônibus gera desorganização. Passageiros embarcam pelas portas de desembarque, e fiscais são acusados de negligenciar reclamações, contribuindo para o caos nos embarques.
  7. Altos Preços da Passagem
    A tarifa de R$ 4,95 é considerada incompatível com a qualidade do serviço. Usuários expressam frustração com o custo elevado frente a um transporte precário, o que alimenta a percepção de injustiça.
  8. Condições Precárias nos Terminais
    A infraestrutura dos terminais está deteriorada. O Terminal Nova Bahia apresenta goteiras e bebedouros com água quente, enquanto o Terminal Bandeirantes é descrito como um “chiqueiro”. A falta de banheiros limpos e cobertura adequada expõe os usuários a condições insalubres.
  9. Falta de Ar-Condicionado
    Ônibus sem climatização tornam as viagens insuportáveis, especialmente em dias quentes. Linhas longas, como a 109, não possuem ar-condicionado, resultando em calor excessivo e riscos à saúde dos passageiros.
  10. Monopólio do Consórcio Guaicurus
    O modelo de concessão ao Consórcio Guaicurus é alvo de críticas por limitar a concorrência e perpetuar a má qualidade. Motoristas relatam pressão psicológica e excesso de trabalho, enquanto denúncias apontam frota sucateada e possível superfaturamento. A falta de transparência agrava a insatisfação.

Impactos na Vida da População

As falhas no transporte público afetam diretamente a qualidade de vida em Campo Grande. Trabalhadores chegam atrasados, estudantes perdem aulas, e pessoas com deficiência enfrentam barreiras quase intransponíveis. A combinação de tarifas altas, veículos precários e infraestrutura deficiente gera um sentimento de abandono entre os moradores.

Conclusão e Próximos Passos

O relatório da CPI do Transporte Coletivo escancara um sistema à beira do colapso, incapaz de atender às necessidades da população. A superlotação, os atrasos, a frota sucateada e a falta de acessibilidade são apenas alguns dos problemas que demandam soluções urgentes. A população pede por renovação da frota, ampliação das linhas, fiscalização rigorosa e maior transparência na gestão do Consórcio Guaicurus.

A CPI disponibilizou diversos canais para receber as denúncias, incentivando a participação ativa dos cidadãos. A distribuição das reclamações por canal foi a seguinte:

  • WhatsApp (3316-1514): 307 mensagens, o canal mais utilizado.
  • Formulário online (site da Câmara): 32 registros.
  • E-mail ([email protected]): 26 mensagens.
  • Ligações telefônicas: 2 denúncias.
  • Presencial: 1 registro.