A gestação de um bebê é um momento sem igual na vida de uma mulher. Nesta fase, a conexão com sentimentos mais profundos da natureza humana, da materialização da vida dentro do próprio corpo é sem dúvida a experiência mais transformadora, mas também, cercada de preocupação e responsabilidade.
Aos cinco meses de gestação da minha segunda filha, posso dizer que o comprometimento com a formação de um pinguinho de gente exige boas escolhas do início ao fim da gravidez e também durante a amamentação. Nesse contexto, a dieta rica em nutrientes e muita água são as recomendações dos médicos.
Na fase de mudança no corpo da mulher para a gestação da criança, a água é ainda mais importante. E precisa ser água de qualidade. “Nós somos 70% água, e pensando que a mulher gestante está gerando outro indivíduo, a necessidade se torna bem maior. A água está envolvida no volume do sangue, nas necessidades do feto, na formação do líquido amniótico, traz fluidez a esse sangue, faz os transportes e absorção, trabalha na digestão. Então, é o funcionamento dos rins, a parte da formação das fezes”, explica a nutricionista Priscila da Silva Borges Zuffo.
Reconhecida como alimento, a água tem importância indiscutível e a boa qualidade do mineral que chega à nossa torneira depende do saneamento básico.
De acordo com o levantamento realizado pelo Instituto Trata Brasil, divulgado em outubro deste ano, entre os grupos populacionais, um dos mais impactados por doenças associadas à falta de saneamento estão as gestantes.
Entre as gestantes, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, 1.600 mulheres foram afastadas de duas atividades de rotina, em razão de algum tipo de problema de saúde em decorrência de casos de doenças de veiculação hídrica, ou seja, de água não tratada.
Este número representa 2,2% do total de afastamentos, num universo de quase 600 mil (577,7 mil) mulheres grávidas. Isso equivale a 2,1% da população feminina em idade fértil (de 12 a 60 anos).
As chamadas Doenças Diarreicas Agudas (DDA’s) podem ser provocadas por bactérias, vírus e protozoários presentes na água não tratada. A ampliação da rede de esgoto e tratamento adequado da água contribuem para a melhoria da saúde e qualidade de vida a população. É incrível pensar que o direito ao saneamento básico e a expansão desse serviço interfere diretamente na saúde de quem vive em Campo Grande, e também de quem em breve estará por aqui.
É animador, estar no ‘estado de graça’ – como se diz – e no desempenho da função saber que a expectativa é de que Campo Grande encerre 2024 com quase 100% de cobertura de esgoto. “A concessionária vem investindo ao longo desses 24 anos de concessão, implementando os programas que começaram com força a implementação da rede coletora de esgoto em Campo Grande no ano de 2006 era de 29%, fechamos 2023 com 89% e este ano, em 2024, com implantação de mais 180km de rede, pretendemos fechar o ano em torno de 94% de cobertura de esgoto”, diz a diretora executiva da Águas Guariroba – concessionária responsável pelos serviços de água e esgoto, na Capital, Francis Moreira Yanamoto.
Uma conquista além do bairro x ou y, é coletivo, é de todos nós. De pensar que faz pouco a rede chegou ao bairro da Lucimar Mendes, 52 anos, e rapidamente ela fez a conexão da casa. Ela sabe os ricos à saúde quando não há o serviço. “Dor de barriga, coceira no corpo, frieira no pé, meu neto pegou, porque a água voltava lá onde ele lavava a louça e ele não ‘tava’ nem aí, pisava naquela água, deu frieira no pé dele. Minha neta, mesmo, uma vez quase morreu, tanta ferida que deu no corpo dela […] agora [com o esgoto] a gente fica em paz porque a minha netinha, mesmo, a pele dela é muito sensível. Depois que colocou o esgoto aqui, nunca mais deu nada nela”.
Responsabilidade de todos
Segundo o gerente de Meio Ambiente da Águas Guariroba, Fernando Garayo, a conexão à rede resulta em diversos benefícios. “A primeira questão que acontece é que a pessoa acaba desativando as fossas e a necessidade de fazer o esvaziamento periódico. A gente sabe que tem regiões aqui em Campo Grande que esse esvaziamento precisa ser feito até mensal ou até mesmo mais de uma vez todos os meses. O segundo aspecto é a questão ambiental. Ao desativar essa fossa, evitamos que o esgoto atinja o lençol freático, que polua o solo e afete ali o meio ambiente e os rios que nós temos na nossa cidade. E nós temos outro aspecto que é de saúde. A desativação das fossas evita com que crianças e as pessoas possam ter contato com aquela fonte de contaminação, aquela fonte de poluição”.
A conexão à rede precisa da conscientização das pessoas, Na Capital, ainda existem quase 18.900 imóveis – casas, comércios e industrias – com rede disponível e que ainda não estão conectados.
Um estudo coordenado pelo professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Ariel Ortiz revela que, para cada pessoa a mais atendida pelo sistema de esgoto, ocorre uma redução de quase 7 reais no gasto com internações hospitalares de crianças até 4 anos de idade, ou seja, conectar à rede pode levar recursos públicos a outras áreas ampliando o desenvolvimento urbano e sustentável da cidade.
“Se considerarmos duas pessoas por unidade, somaríamos quase 38 mil. Se a economia de recurso para cada pessoa a mais adicionada à rede é de R$ 7 a cada internação por DDA, seriam quase R$ 260 mil de recursos que estaríamos economizando a cada ano”, diz o pesquisador.
Ele acredita que esses recursos poderiam ser direcionados a outras áreas, trazendo ainda mais benefícios para a qualidade de vida da população.
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