A ampliação da rede de esgoto está diretamente relacionada à redução de internações por Doenças Diarreicas Agudas (DDA) de crianças de até 4 anos de idade, em Campo Grande. É o que revela o estudo ‘Impacto do Esgotamento Sanitário nos Indicadores de Saúde Pública‘, coordenado pelo professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Ariel Ortiz Gomes, doutor na área de recursos hídricos e saneamento ambiental.
“Em 2003, tivemos 842 internações de crianças de menos de 4 anos e em 2021 esse número caiu para 42 internações. Ao passo, então, que a rede de esgoto atendia pouco mais de 10% da população em 2001. E a população atendida hoje é de quase 800 mil habitantes. Lembrando que a gente tem uma população próxima a um milhão de habitantes, então a rede avançou muito”, diz o pesquisador.
Para o trabalho foram usados dados do Datasus e do Sistema Nacional de Informação em Saneamento Básico (Sinisa). E a observação dos dados levou a outra conclusão: “A gente conseguiu verificar, por meio de técnicas estatísticas, que há uma redução de aproximadamente R$ 7,00 no gasto com internações para cada pessoa a mais que é atendida pelo sistema de esgotamento sanitário”, detalha.
Mesmo quem não faz esse tipo de cálculo, entende os benefícios da chegada do esgoto. Moradora do bairro Varandas do Campo, distante quase 30 km do centro de Campo Grande, Lucimar Mendes, 52anos, fez a conexão da casa à rede de esgoto recém implantada na região.
Ela sabe os ricos à saúde quando não há o serviço. “Dor de barriga, coceira no corpo, frieira no pé, meu neto pegou, porque a água voltava lá onde ele lavava a louça e ele não ‘tava’ nem aí, pisava naquela água, deu frieira no pé dele. Minha neta, mesmo, uma vez quase morreu, tanta ferida que deu no corpo dela […] agora [com o esgoto] a gente fica em paz porque a minha netinha, mesmo, a pele dela é muito sensível . Depois que colocou o esgoto aqui, nunca mais deu nada nela”.
SANEAMENTO BÁSICO
A situação vivenciada pelos netos de Dona Lucimar pode ter relação com as DDAs. A Gastroenterologista Carla Moura detalha quais os inimigos invisíveis. “Dentre as bactérias mais patogênicas, nós temos a shigella, a salmonella. Dentre as verminoses e parasitoses, nós temos as infecções por helmintos, por giardia, por ameba e, dentre as infecções virais, nós temos, por exemplo, a hepatite A. A marca característica dessas infecções são os sintomas gastrointestinais, como, por exemplo, diarreia, náuseas, vômitos, dor abdominal, que geram um risco muito alto nas populações nos extremos de idade, ou seja, nas crianças e nos idosos. Essas infecções também têm um potencial de gravidade e óbito”.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a falta de saneamento básico mata, em média 11 mil pessoas por ano no Brasil. Priorizar investimentos em saneamento resulta em preservar vidas e reduzir os custos com a saúde pública. Em 2022, por meio do Programa Campo Grande Saneada, a rede de esgoto na capital sul-mato-grossense foi ampliada em 400 km, no ano passado a cidade recebeu mais 200 km e, neste ano, já são mais 175 km de rede de esgoto.
A diretora executiva da Águas Guariroba – concessionária responsável pelos serviços -, Francis Moreira Yanamoto destaca o avanço da rede. “A concessionária vem investindo ao longo desses 24 anos de concessão, implementando os programas que começaram com força a implementação da rede coletora de esgoto em Campo Grande no ano de 2006 era de 29%, fechamos 2023 com 89% e este ano, em 2024, com implantação de mais 180km de rede, pretendemos fechar o ano em torno de 94% de cobertura de esgoto”.
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