Em entrevista ao Jornal CBN Campo Grande, nesta quarta-feira (5), o secretário de Estado de Saúde, Maurício Simões, fez um balanço do trabalho realizado pela pasta em 2024 e antecipou ações que serão desenvolvidas em 2025.
Sobre a estrutura de saúde no estado e o projeto de regionalização, Simões destacou que, apesar do desenvolvimento dos polos regionais é preciso avaliar também a estrutura da saúde em Campo Grande.
“A gente sempre fala que o projeto de regionalização seria a interiorização da saúde, mas, curiosamente, chama atenção como a Capital está desprovida de uma estrutura maior para o tamanho da população que já existe aqui. Por isso, devemos nos reunir com o governador para discutir o projeto de ampliação e a construção de mais uma torre no Hospital Regional de Campo Grande. Serão mais de 250 leitos, numa arquitetura absolutamente contemporânea, voltada para uma unidade hospitalar de alta complexidade. Devemos bater o martelo ainda esta semana com o governador”, afirmou o secretário, que antecipou que, ainda em fevereiro, está prevista a realização de uma audiência pública para discutir o assunto.
Questionado a respeito do estado precário da infraestrutura do atual prédio, Maurício Simões explicou que o maior problema para avançar com novas obras no espaço, que tem mais de 30 anos, é a superlotação.
“O hospital vive superlotado, eu não tenho áreas técnicas. Para deslocar os pacientes que lá estão e reformar, por exemplo, para fazer uma reforma na hemodiálise do Hospital Regional, precisei fechar uma unidade de terapia intensiva adulta, transferir os pacientes da hemodiálise para a UTI para poder reformar a hemodiálise. Então veja a dificuldade. A nossa ideia é construir essa nova torre e, à medida que ela estiver pronta, transferir boa parte da internação da torre antiga para a nova e iniciar o projeto de retrofit da torre antiga para adequá-la. Estruturalmente, ela é boa, mas suas dependências estão precárias”, explicou.
Ainda sobre as vulnerabilidades na saúde no estado, neste começo de ano, a combinação do retorno das chuvas, calor intenso e água parada já resultou em 253 casos confirmados de dengue em Mato Grosso do Sul. Os dados fazem parte do boletim epidemiológico da 4ª semana epidemiológica, divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde na quinta-feira (30). Até o momento, nenhum óbito foi registrado.
Na comparação com 2023, o número de casos confirmados em 2024 caiu mais da metade em Mato Grosso do Sul. Segundo o secretário, mesmo sem dados estatísticos detalhados, a implantação do Projeto Wolbachia em Campo Grande, a vacinação em massa em Dourados, entre outras ações, tiveram um papel efetivo no combate à doença.
No entanto, apesar da relativa tranquilidade em relação a doença no estado, a principal preocupação neste momento é a reintrodução do sorotipo 3 da dengue. Nos últimos anos, Mato Grosso do Sul registrava apenas os tipos 1 e 2.
“Realmente, já faz alguns anos que a gente só se deparava com o tipo 1 e o tipo 2. No ano passado, vários estados notificaram o tipo 3, mas Mato Grosso do Sul, nenhum caso. Agora, estamos bastante preocupados com essa possibilidade. O tipo 2, como já estava presente há muito tempo, fez com que boa parte da população adquirisse imunidade a ele. Já no caso do tipo 3, a possibilidade de termos eventos mais graves no desenvolvimento da doença é maior, pois vírus novos, como os tipos 3 e 4, geralmente resultam em casos mais graves, que demandam internações e cuidados”, detalhou o secretário.