Com mais de 20 propostas para melhorar as cidades e ampliar o acesso à moradia em áreas com infraestrutura, a Carta do Rio de Janeiro marca o encerramento do Fórum Social Urbano, evento organizado por movimentos sociais e pesquisadores, que reuniu cerca de 10 mil pessoas durante toda a semana, na capital fluminense.
O documento defende a redução das desigualdades sociais nas cidades, com casas populares em áreas urbanas e próximas ao mercado de trabalho, o fim de remoções e despejos para realização de megaeventos, a regularização de bairros pobres e acesso ao transporte público de qualidade, além da reforma agrária e opções de trabalho no campo.
Os participantes também aprovaram a criação do Dia Internacional de Luta pelo Direito à Cidade, que será comemorado todo 25 de março, e decidiram realizar um novo encontro, ainda sem data marcada. Há a possibilidade de o evento ser feito, mais uma vez, paralelamente ao Fórum Urbano Mundial, organizado pelas Nações Unidas (ONU).
De acordo com um dos organizadores Guilherme Marques, o destaque do evento foi a participação de vários grupos sociais que não têm “voz” em outros espaços. “Não estão na mídia, não chegam até os governos e não estão em grandes eventos”, disse em relação ao Fórum Urbano Mundial.
No fórum social, Marques lembrou da presença de movimentos de periferia que denunciaram a violência e a criminalização de moradores de favelas cariocas que reclamaram das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) e de representantes de bairros que correm risco de remoção para realização de grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
“Olhamos para determinadas questões de outra forma. Um mega evento, por exemplo, não pela possibilidade da geração de negócios, mas pelo mal que causa com remoções, despejos e dívidas para administração pública. Lembremos que o Pan-Americano de 2007, no Rio, começou com o massacre de 19 pessoas no [Complexo do] Alemão e terminou com a tentativa de remoção de casas no Canal do Anil, ao lado da Vila Pan-Americana, que tinha sido valorizada”, disse.
A Carta do Rio receberá contribuições por mais um mês, com objetivo de contemplar propostas de organizações internacionais que não puderam participar do fórum. A ideia é que possa ser utilizada na elaboração de políticas públicas em vários países.