"Birdman (Ou a Inesperada Virtude da Ignorância)" foi eleito o melhor filme no Oscar 2015. O longa do mexicano Alejandro González Iñárritu foi o destaque da noite, e levou também melhor fotografia, roteiro original e direção, somando quatro prêmios –mesmo número de "O Grande Hotel Budapeste", que venceu em categorias mais técnicas.
Estrelado por Michael Keaton, "Birdman" retrata um ator que fez sucesso no passado interpretando um super-herói e tenta retomar a carreira montando uma peça na Broadway. Keaton era um dos favoritos ao prêmio de melhor ator, mas acabou perdendo para Eddie Redmayne, de "A Teoria de Tudo".
"Quero agradecer a todas as pessoas que acreditaram nesta ideia. Atrás deste filme há heróis", disse Iñárritu ao receber o prêmio de melhor filme. "Quero dedicá-lo a meus amigos mexicanos, e a todos os mexicanos que fizeram deste país uma grande nação imigrante", finalizou.
Com o Oscar de melhor diretor, Iñárritu se torna o segundo mexicano a vencer na categoria, repetindo o feito de Alfonso Cuarón ("Gravidade") em 2014.
Destaque para os veteranos
Em uma noite de prêmios que seguiram, em sua maioria, os scripts das previsões, o Oscar 2015 ficou marcado por premiar atores veteranos, em vez dos jovens que vinham dominando nos últimos anos.
Julianne Moore, 54, finalmente recebeu um Oscar, na sua quinta indicação, pelo papel de uma professora afetada precocemente pelo Mal de Alzheimer em "Para Sempre Alice". Patricia Arquette, 46, também venceu o Oscar de melhor atriz coadjuvante por "Boyhood", enquanto J.K. Simmons, 60, foi premiado por "Whiplash".
A premiação deste ano será lembrada também como o Oscar com menos representatividade feminina e de negros, fato que foi lembrado no aplaudido discurso de Arquette, que dedicou seu prêmio "a toda mulher que já deu à luz, todo cidadão que paga impostos. Esse é a hora de ter igualdade de direitos para as mulheres", bradou a atriz, saudada com entusiamo por Meryl Streep e Jennifer Lopez.
Como tentativa de "reparar" o que foi apontado como injustiça com o filme "Selma", sobre as marchas de Martin Luther King Jr. no Alabama, esnobado nas categorias de direção e atuação, a Academia preparou um grande número musical muito aplaudido para "Glory", interpretada por Common e John Legend, que também ficou com o Oscar de canção original.
O discurso de Legend ao aceitar o prêmio teve forte apelo político: "Sabemos que hoje a luta por liberdade e justiça é real. Vivemos em um país com a maior população carcerária do mundo. Há mais homens negros sob regime correcional hoje do que havia sob a escravidão em 1850", disse.
Na distribuição de prêmios, o Oscar 2015 foi equilibrado, sem que um único filme se destacasse pelo grande número de estatuetas recebidas. "O Grande Hotel Budapeste" e "Birdman" ficaram com quatro; "Whiplash", com três; "Boyhood", "Sniper Americano", "O Jogo da Imitação", "A Teoria de Tudo", "Selma" e "Para Sempre Alice", um.
A seção "In Memorian", que homenageia as personalidades do cinema que morreram no último ano, destacou nomes como o ator Robin Williams, o cineasta Mike Nichols e o escritor Gabriel García Márquez, mas deixou de fora a comediante Joan Rivers, que morreu em setembro, aos 80 anos.