O Conselho de Direitos Humanos da ONU, dominado por Estados muçulmanos e seus aliados, condenou ontem (12) Israel por "violações graves" dos direitos humanos da população da Faixa de Gaza.
Uma resolução redigida por países árabes, asiáticos e africanos também pediu o envio urgente de uma missão internacional para investigar as ações israelenses na região e pediu que Israel coopere com ela.
Mas a resolução não obrigatória, aprovada por 33 votos, com 13 abstenções e um voto contra, foi tachada por Israel de unilateral e reflexo do "mundo de conto de fadas" do Conselho, que conta com 47 países e tem no Estado judaico seu alvo principal.
Segundo o documento, o Conselho "condena fortemente as operações militares israelenses em curso … que resultaram em violações expressivas dos direitos humanos do povo palestino e na destruição sistemática da infra-estrutura palestina".
A resolução, cujos termos, segundo diplomatas, foram abrandados a pedido de enviados palestinos, num esforço para chegar a um consenso no Conselho, teve a oposição direta do Canadá, enquanto países europeus, Japão e Coréia do Sul se abstiveram de votar.
Os Estados Unidos não fazem parte do Conselho e não participaram das discussões.
O Canadá se queixou de que o texto, que pediu a retirada imediata das forças israelenses, não reconheceu que Israel agiu visando acabar com o disparo de foguetes contra seu território desde a Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas.
A Alemanha, falando em nome dos membros do Conselho pertencentes à União Européia, disse que se absteria de votar pelo mesmo motivo.
Mas a resolução também pediu o fim do "lançamento de foguetes contra civis israelenses que resultou na perda de quatro vidas civis", embora observando que os ataques israelenses já mataram cerca de 900 palestinos e feriram outros 4.000.
Num debate anterior sobre a resolução, o Paquistão, falando em nome da Organização da Conferência Islâmica, que tem 57 membros, denunciou o que chamou de "uso irrestrito da força e morte de civis inocentes" por parte de Israel, além de violação de lugares seguros da ONU.
A resolução teve o apoio da Rússia, China e membros latino-americanos do Conselho, incluindo a Argentina e o Brasil.