As transações correntes do Brasil fecharam o ano de 2008 com um déficit de US$ 28,3 bilhões. Foi o primeiro resultado negativo desde os US$ 7,6 bilhões registrados no ano de 2002. O indicador das transações correntes é a soma de comércio exterior, viagens internacionais, pagamento de juros da dívida externa e remessa de lucros de multinacionais. Em 2007, o saldo corrente ficou positivo em US$ 1,5 bilhão, permitindo uma forte valorização do real frente ao dólar.
O número negativo de 2008 se deve à queda da balança comercial (diferença entre exportações e importações), ao maior número de brasileiros viajando para o exterior e à elevação das remessas de lucros das empresas para fora do país. Quando o país tem déficit em transações correntes, precisa atrair empréstimos e investimentos estrangeiros para financiar o saldo negativo e manter a cotação de sua moeda estável.
No ano passado, o déficit corrente foi financiado pela entrada no Brasil de US$ 32,9 bilhões em investimentos estrangeiros e dívida externa. Com o agravamento da crise financeira mundial, porém, o ingresso de recursos externos caiu substancialmente em relação a 2007, quando o Brasil chegou a receber US$ 89,1 bilhões.
De acordo com balanço de pagamentos da economia divulgado ontem (26) pelo Banco Central (BC), a balança comercial registrou, em 2008, queda aproximada de US$ 16 bilhões, na comparação com 2007. O total dos gastos de brasileiros em viagens ao exterior cresceu cerca de US$ 2,7 bilhões, passando de US$ 8,2 bilhões, em 2007, para US$ 10,9.
No entanto, a pressão maior veio da remessa de lucros das empresas multinacionais para o exterior que teve um incremento de US$ 11,4 bilhões no ano passado. Em 2007, elas haviam enviado para fora do país US$ 22,4 bilhões e no ano passado esse valor subiu para US$ 33,8 bilhões. A indústria automotiva foi a que mais enviou lucros para o exterior em 2008, totalizando US$ 5,6 bilhões, contra US$ 2,7 bilhões remetidos em 2007.
Oportunidade