Nesta semana, decisões de grandes grupos varejistas franceses desencadearam uma polêmica envolvendo o Brasil. Tudo começou na quarta-feira (20) quando Alexandre Bompard, presidente do Carrefour, anunciou nas redes sociais que a rede deixaria de vender carnes do Mercosul, que inclui Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
A medida foi justificada como resposta à insatisfação dos agricultores franceses, que protestam contra o acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul.
A decisão do Carrefour foi seguida por outros grupos, que também se comprometeram a suspender a venda de carnes da América do Sul, com o objetivo é proteger a “soberania alimentar da França e apoiar os agricultores locais”.
Em entrevista ao CBN Agro deste sábado (23), o consultor de comércio exterior Aldo Barrigosse avaliou que a medida do Carrefour representa um “tiro no pé”. Ele ressaltou que o Brasil, apesar de uma possível perda inicial, não depende exclusivamente do mercado europeu para suas exportações.
“Vivemos em um mundo competitivo, e medidas protetivas precisam de cautela”, afirmou. Barrigosse destacou que o mercado interno brasileiro consome 80% da produção de carne, e que o setor tem diversificado suas culturas e áreas produtivas, especialmente em estados como Mato Grosso do Sul.
Para o consultor, a pressão dos agricultores franceses é um sinal de que a carne do Mercosul é competitiva. Barrigosse alertou para o risco de a disputa se estender à Organização Mundial do Comércio, o que tornaria o cenário ainda mais complexo para as negociações entre o Mercosul e a União Europeia.
Confira a entrevista com Aldo Barrigosse:
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