Em entrevista ao Jornal CBN Campo Grande, a veterinária e presidente do Instituto Tamanduá, Flávia Miranda, alertou para o que ela tem nomeado como ‘mal invisível’, a intoxicação de tamanduás por agrotóxicos em Mato Grosso do Sul.
“A gente sabe que tem problema com atropelamento, doenças, e agora a gente está vendo aí um mal invisível, que são os agrotóxicos. E isso é realmente muito grave quando se fala de uma espécie que come insetos”, frisou a veterinária.
Desde o final do ano passado até agora, cinco tamanduás que eram monitorados pelo Instituto nos municípios de Aquidauana e Bonito foram encontrados mortos a campo, intoxicados. Segundo a veterinária, para constatar a causa da morte e os níveis de intoxicação, o animal passa por uma série de exames.
“Faz uma necropsia, coleta todo o material, vários órgãos — rim, fígado — e manda para esses laboratórios especializados em agrotóxicos. São mais de 50 agrotóxicos analisados e, depois, vem o resultado com o nível e a quantidade de determinado agrotóxico”, detalhou.
Além da própria identificação da causa da morte, o que chama a atenção é a indicação do tipo de substância que tem causado o óbito.
“Temos visto agrotóxico, inclusive, proibido no Brasil. Alguns organofosforados e carbamatos são proibidos aqui. Então, têm entrado ilegalmente pela fronteira. Isso é extremamente grave, porque não afeta só os tamanduás, afeta outras espécies da fauna e até os bovinos”, explicou.
Segundo a veterinária e presidente do Instituto Tamanduá, o relatório técnico-científico com dados inéditos sobre o trabalho de preservação da espécie no estado será encaminhado para a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) e também para as universidades.
“A gente vai publicar esse material e o mais importante é olhar para esse resultado de uma forma que nos permita mudar esse cenário. Não é um relatório crítico, falando mal do agro, é simplesmente um documento para analisarmos os resultados e trabalharmos nessas mudanças, nessas medidas que podem ser tomadas para alterar essa realidade”.