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MEIO AMBIENTE

Em pouco mais de 30 dias, cinco tamanduás morreram intoxicados por agrotóxicos em MS

Relatório aponta vulnerabilidades do animal no estado considerado sentinela do meio ambiente

Pesquisa aponta também para a redução de áreas de reservas no estado
Pesquisa aponta também para a redução de áreas de reservas no estado | Foto: Reprodução/ Instituto Tamanduá

Em entrevista ao Jornal CBN Campo Grande, a veterinária e presidente do Instituto Tamanduá, Flávia Miranda, alertou para o que ela tem nomeado como ‘mal invisível’, a intoxicação de tamanduás por agrotóxicos em Mato Grosso do Sul.

Flávia Miranda – Foto: Karina Anunciato/CBN-CG

“A gente sabe que tem problema com atropelamento, doenças, e agora a gente está vendo aí um mal invisível, que são os agrotóxicos. E isso é realmente muito grave quando se fala de uma espécie que come insetos”, frisou a veterinária.

Desde o final do ano passado até agora, cinco tamanduás que eram monitorados pelo Instituto nos municípios de Aquidauana e Bonito foram encontrados mortos a campo, intoxicados. Segundo a veterinária, para constatar a causa da morte e os níveis de intoxicação, o animal passa por uma série de exames.

“Faz uma necropsia, coleta todo o material, vários órgãos — rim, fígado — e manda para esses laboratórios especializados em agrotóxicos. São mais de 50 agrotóxicos analisados e, depois, vem o resultado com o nível e a quantidade de determinado agrotóxico”, detalhou.

Além da própria identificação da causa da morte, o que chama a atenção é a indicação do tipo de substância que tem causado o óbito.

“Temos visto agrotóxico, inclusive, proibido no Brasil. Alguns organofosforados e carbamatos são proibidos aqui. Então, têm entrado ilegalmente pela fronteira. Isso é extremamente grave, porque não afeta só os tamanduás, afeta outras espécies da fauna e até os bovinos”, explicou.

Segundo a veterinária e presidente do Instituto Tamanduá, o relatório técnico-científico com dados inéditos sobre o trabalho de preservação da espécie no estado será encaminhado para a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) e também para as universidades.

“A gente vai publicar esse material e o mais importante é olhar para esse resultado de uma forma que nos permita mudar esse cenário. Não é um relatório crítico, falando mal do agro, é simplesmente um documento para analisarmos os resultados e trabalharmos nessas mudanças, nessas medidas que podem ser tomadas para alterar essa realidade”.

Acompanhe a entrevista completa: