Além da superlotação com a falta de leitos que não é mais novidade, o Hospital Auxiliadora de Três Lagoas agora enfrenta a escassez de insumos e medicamentos para o tratamento de pacientes com a Covid-19. O diretor administrativo do Auxiliadora, Marco Antônio Calderón, diz que a situação é preocupante, pois o hospital e nem o Estado estão conseguindo comprar os materiais necessários para manter os pacientes intubados na UTI. Além disso, o hospital encontra ainda dificuldades para contratar profissionais.
“Está chegando a faltar medicamentos. Isso está nos preocupando. Estamos com dificuldades para adquirir, o Estado também, porque o fabricante não está entregando. Estamos vendo outras alternativas para substituir esses medicamentos, mas que não tem a mesma eficácia para quem está intubado. Esses medicamentos são utilizados em pacientes que estão sob efeito de anestesia, e que não estamos encontrando no mercado”, relatou o diretor do Hospital Auxiliadora.
Calderón diz que o hospital tem conseguido alguns medicamentos emprestados, mas em pouca quantidade. O diretor ressaltou que, hoje o problema não é a falta de recursos, mas de insumos e de profissionais que atuam na linha de frente contra a Covid.
Calderón informou que o consumo de medicamentos está muito grande devido a quantidade de pacientes internados. Nesta sexta-feira (9), os 30 leitos de UTI estavam lotados, no Pronto Socorro do hospital tinham mais 17 pacientes, todos em estado grave e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) mais 30 pessoas internadas em leitos que foram improvisados para atender pacientes com a Covid. “Tínhamos uma programação para compra de medicamentos para 90 dias, quando tínhamos apenas 4 pacientes internados, hoje que temos 30 intubados, por exemplo, temos o consumo de 70 unidades de Propofol por dia, sendo que recebi 100 de ajuda do Estado nesta semana, e que não dá para duas horas”, destacou.
O Hospital Auxiliadora tem uma usina de oxigênio com capacidade para 28 metros cúbicos por hora, mas atualmente está usando 44, com a instalação de um tanque de oxigênio. “Se esse tanque não for abastecido toda semana por falta de insumo, corremos o risco de faltar oxigênio. Por isso, estamos sensibilizando as autoridades para nos ajudar nessa entrega de medicamentos ou de insumo de oxigênio”, informou.
Oferta financeira
Calderón disse ainda que o hospital aumentou a oferta financeira para ver se consegue contratar mais profissionais. Para isso, a prefeitura e o Estado têm ajudado com suporte financeiro. O grande problema, segundo o diretor, é que existe uma demanda por esses profissionais em todo o Brasil. Os médicos que atuam no Auxiliadora não estão conseguindo, por exemplo, contratar profissionais para preencher as escalas dos plantões. Não faltam apenas médicos, mas fisioterapeutas, entre outros que são necessários para manter uma UTI em funcionamento.
Mais 70 leitos serão instalados no hospital
Um hospital de campanha para atender pacientes com a Covid-19 será instalado dentro do Hospital Auxiliadora de Três Lagoas. O anúncio foi feito na tarde desta quinta-feira (8), pelo prefeito Ângelo Guerreiro (PSDB), que estava acompanhado do diretor administrativo do Auxiliadora, Marco Antônio Calderón, do presidente da Câmara de Vereadores, Cassiano Maia, e da secretaria municipal de Saúde, Elaine Fúrio.
Serão 50 leitos de enfermaria construídos no Hospital Auxiliadora e mais 20 Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Durante a reunião ficou decidido que, 27 leitos de enfermaria serão montados no prazo de uma semana. E, em 30 dias, todo o Hospital de Campanha estará em funcionamento, bem como os novos leitos de UTI. Atualmente, o hospital tem 30 leitos de UTI.
A prefeitura está repassando R$ 9 milhões ao hospital para esse custeio, sendo que R$ 3 milhões são recursos de sobra do duodécimo da Câmara de Vereadores.
O diretor do Hospital Auxiliadora, diz que a direção está fazendo de tudo para cumprir esses prazos. No entanto, destacou que, não depende de recursos, mas sim dos fabricantes entregarem os equipamentos dentro do prazo.
O diretor solicitou também que a empreiteira concentre toda mão de obra na construção desses leitos. Calderón disse ainda que não é falta de vontade da classe política, pelo contrário, elogiou o empenho do prefeito e dos vereadores, mas reforçou que o problema vai muito além de recursos.