Ele morde a língua todos os dias. Faz aquilo que criticava, conseguiu superar FHC em matéria de viagens e se mete a falar de assuntos que não domina.
Quando Lula solta aquelas frases e metáforas que arrancam aplausos e sorrisos nas solenidades, poucos sabem que nada é de improviso, pois conta com uma senhora assessoria em matéria de comunicação. Aí nosso presidente deita e rola com seu ego inflado.
A famosa mão invisível dos bons ventos ajudou a economia funcionar até aqui. Com isso Lula se sente no direito de se enveredar sobre os mais diferentes temas, como se tivesse a varinha mágica das soluções. Ainda recentemente ousou falar sobre o conflito milenar entre árabes e judeus, criticou a ONU e deu conselhos ao futuro presidente dos Estados Unidos.
Os jornais estão mostrando que Lula já viajou mais que seu antecessor, e o que é pior, para locais cujos interesses comerciais com o Brasil são insignificantes. E mais viagens vêm aí, como já foi anunciado.
Mas sua última ousadia foi criticar os novos prefeitos que já demonstraram intenção de reduzir os gastos para viabilizar a administração. Não se trata de não confiar no potencial da economia local, mas sim uma demonstração de responsabilidade destes prefeitos que conhecem como poucos a realidade de seus municípios.
O presidente Lula quer espantar a crise mundial com palavras. Quer que o povo continue consumindo; isso vai gerar mais impostos para o Governo. Fez isso com os carros populares, pois um terço do valor deles é constituído de impostos. Está explicada aí a estranha generosidade anunciada antes do Natal.
Mas qualquer cidadão normal, chefe de família, sabe que não pode gastar mais do que ganha e que precisa sempre ter uma reserva para aquelas desagradáveis surpresas. Daí que não se pode concordar com a postura em prol da gastança de Lula. Para ele, com bom salário, mordomias e uma invejável aposentadoria é fácil usar essa linguagem.
Mas para a grande maioria dos brasileiros isso não é aconselhável. Ou é?
Manoel Afonso escreve a coluna Ampla Visão para o JP