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Maju disse ter ficado indignada, mas não esmorece, não perde o ânimo

Maju, como também é conhecida, sofreu ofensas racistas em uma publicação com a sua imagem

Maria Júlia Coutinho - Divulgação
Maria Júlia Coutinho - Divulgação

O "Jornal Nacional" repercutiu durante a edição desta sexta-feira (3) os ataques racistas sofridos por Maria Júlia Coutinho na internet, na noite anterior.

Maju, como também é conhecida, sofreu ofensas racistas em uma publicação com a sua imagem na página oficial do "JN" no Facebook. Alguns internautas fizeram piadas e publicaram comentários pejorativos e racistas, como "Só conseguiu emprego no 'Jornal Nacional' por causa das cotas. Preta imunda" ou "Vá fazer as previsões do tempo na senzala".

"Estava todo mundo preocupado. Muita gente imaginou que eu estaria chorando pelos corredores. Mas a verdade é o seguinte, gente. Eu já lido com a questão do preconceito desde que eu me entendo por gente. Claro que eu fico muito indignada, triste com isso, mas eu não esmoreço, não perco o ânimo", disse ela durante o "JN". "Eu cresci em uma família muito consciente, os meus pais sempre me orientaram. Acho importante que medidas legais sejam tomadas, para evitar ataques a mim e a outras pessoas", ressaltou.

A jornalista também agradeceu a repercussão e a manifestação de carinho dos colegas e do público. "Também quero manifestar aqui, porque fiquei muito feliz com o carinho, recebi milhares de e-mails, de mensagens. Mas o mais importante é que a militância que faço é com o meu trabalho, sempre bem feito, com muito carinho, com muita dedicação, com muita competência, que é o mais importante. Os preconceituosos ladram, mas a caravana passa", finalizou. 

Em seguida, William Bonner se solidarizou com Maju. "Eu e a Renata [Vasconcellos] falamos em nome de todos os colegas da Globo, que, é claro, também repudiaram as agressões absurdas. #SomosTodosMaju, né, Renata?", disse Bonner. "Hoje e sempre", completou Vasconcellos.

Segundo Bonner, "50 criminosos publicaram comentários racistas de maneira coordenada" contra Maju na página do "Jornal Nacional" no Facebook. 

Em contato com o UOL,  a TV Globo lamentou o episódio e disse que "estuda as medidas judiciais cabíveis para o caso". O Ministério Público de São Paulo informou que abrirá um procedimento para investigar as ofensas. No Estado do Rio, o Ministério Público pediu à Promotoria de Investigação Penal que também investigue o caso.

Revoltados, internautas, telespectadores, famosos, colegas de redação e profissão saíram em defesa da jornalista e publicaram comentários de repúdio ao longo desta sexta-feira. A hashtag #SomosTodosMajuCoutinho chegou ao assunto mais comentado do dia no Twitter.

Formada pela Cásper Líbero e com rápida passagem pela TV Cultura, Maria Júlia iniciou a sua carreira no jornalismo da Globo como repórter de telejornais locais, em São Paulo. Se tornou pouco tempo depois a moça do tempo no "SPTV", "Bom Dia São Paulo", "Bom Dia Brasil" e também no "Hora 1". Ela é conhecida na redação paulista com esse apelido, "Maju" (para os íntimos).

É considerada uma das repórteres mais simpáticas da emissora, e ganhou uma legião de fãs nas redes sociais depois que passou a interagir diariamente –e de forma descontraída– com o âncora William Bonner no "Jornal Nacional". Maju é a primeira mulher negra a se tornar a moça do tempo do "JN", função que ocupa desde abril.

Após o encerramento do "Jornal Nacional", Maria Júlia Coutinho foi aplaudida por toda a Redação, em São Paulo.