De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação acumulada em 2024 foi de 4,83%. A alta foi puxada diretamente pelo valor dos alimentos no país.
Segundo a avaliação do colunista e economista Hudson Garcia, entre os itens que pesaram na cesta básica do brasileiro estava a carne.
“O grupo de alimentos e bebidas subiu 7,69% no período, destacando-se um aumento de 5,3% no preço das carnes. A picanha, corte emblemático prometido como acessível pelo governo Lula durante a campanha, tornou-se um termômetro dessas dificuldades econômicas. Esse cenário reflete uma combinação de alguns fatores: custos elevados de insumos como milho e soja, usados na alimentação do gado; o aumento do diesel, que impacta o transporte; e, obviamente, a questão dos desafios climáticos, como secas e irregularidades nas chuvas que afetaram a produção agrícola e a pecuária no ano passado”, analisou Garcia para o Jornal CBN Campo Grande.
Além dos fatores internos, a variação internacional do câmbio também exerce uma influência direta nesse quadro de alta no Brasil.
“A valorização do dólar, que foi negociado a R$ 6,19 no final de 2024, encareceu insumos agrícolas e aumentou a competitividade das exportações brasileiras, reduzindo a oferta interna e pressionando os preços no mercado doméstico”.
Um dos maiores exportadores de carne bovina do país, Mato Grosso do Sul acompanha de perto a oscilação que encarece o produto na mesa do brasileiro.
“Apesar de sermos um dos maiores produtores, enfrentamos os efeitos da demanda internacional aquecida, que encarece os cortes mais nobres no mercado interno. Para você ter uma ideia, a exportação brasileira de carne bovina cresceu 16% em 2024, principalmente com o mercado asiático, especialmente a China como grande comprador. Essa dinâmica, embora beneficie o setor agropecuário, amplia a desigualdade no acesso à proteína no mercado interno, especialmente para famílias de baixa renda”.