Começo respondendo como se fosse o próprio leitor: “claro que não é”.
Mas convenhamos que no Brasil – em todos os níveis da administração pública – essa associação – tida antes como estranha, vai ficando familiar em nosso imaginário popular.
Sem rodeios, temos que admitir a realidade; é quase impossível que se passe uma semana, sem que tenhamos uma notícia envolvendo gestores públicos e que invariavelmente acabam terminando em procedimentos policiais.
Essa enxurrada de informações agride a população e influencia automaticamente na opinião pública, provocando decepções profundas quanto as perspectivas do bem estar coletivo. Não é por acaso que corre solta a ironia de que o Brasil transformou-se numa grande delegacia de polícia.
Como consequência, conclue-se de que não existem inocentes neste cenário, independentemente de partidos e ideologias. Aliás, se levarmos em conta as recentes notícias sobre as relações das grandes empreiteiras de obras com os políticos, veremos que elas são antigas como mostram as planilhas de propinas.
Daí – fica impossível separar o sucesso nas urnas deste ou daquele político do seu prestígio junto as poderosas empresas que constroem as grandes obras como rodovias, portos, hidrelétricas, estádios e metrôs. Assim, não se sabe a quem cabe o mérito dos nossos campeões de votos: se é deles ou apenas fruto de esquema financeiro viabilizado pelas empreiteiras.
Essa concepção começa com os políticos do Palácio do Planalto, passando pelo Senado, Câmara Federal, Assembleias Legislativas, Governos Estaduais e chegando até as Prefeituras e Câmaras Municipais.
No arremate, não há como negar que a Lava Jato está arrancando as máscaras – um a um dos grupos políticos – e isso vem incomodando. Para se contrapor aos argumentos pálidos dos acusados, basta lembrar que os números das pesquisas mostram a maciça reprovação dos brasileiros pela conduta dos políticos em geral.
Portanto, não vivemos na “República dos Inocentes”.
De leve…