Uma partida de futsal que deveria ser apenas um momento de diversão e competição para um jovem atleta se tornou um episódio marcante de discriminação. O caso de Lucas Henrique Ramos Farias, de 13 anos, vítima de racismo e homofobia durante um jogo, resultou na aprovação de um projeto de lei esta semana na Câmara Municipal de Três Lagoas. A nova legislação estabelece protocolo para o combate à discriminação no esporte e promete mudar essa realidade.
Episódio
Em setembro de 2023, durante uma partida dos Jogos Escolares no Centro Poliesportivo da Lagoa Maior, Lucas foi alvo de insultos racistas e homofóbicos. O jovem viu seu talento ser ofuscado pelo preconceito. A aprovação do projeto de lei, nesta terça-feira, representa um marco na luta por mais respeito e igualdade dentro do esporte.
O vereador e professor Pedrinho Júnior (PDT), autor da proposta, destacou a importância do projeto. “Esse projeto é uma homenagem ao Lucas Henrique, que no ano passado foi vítima de racismo nos Jogos Escolares de Três Lagoas. Ele foi chamado de ‘macaco’, e isso causou problemas psicológicos para essa criança. Agora, conseguimos aprovar esse projeto para que ele se torne um símbolo de representatividade das crianças e jovens negros do nosso município”, afirmou o vereador.
A dor e a esperança de mudança
A família de Lucas ainda sente a dor daquele dia. Sua avó, Elisângela Ramos, lembra do momento em que soube da agressão: “Eu cheguei cansada do trabalho e perguntei se ele tinha feito gol, porque ele é muito bom de bola. Ele começou a chorar e disse: ‘Fiz gol, mas me chamaram de macaco. Não sei por quê. O que eu fiz pra eles?’ ”, contou emocionada.
Ela tentou confortar o neto, citando exemplos de superação, como o jogador Vinícius Júnior, que também enfrentou o racismo no futebol. “Isso só acontece com quem é bom. A forma que eles têm de tentar desestabilizar é xingar, ofender. Mas ele ficou abalado, porque tinha professores, adultos, pessoas que tinham obrigação de defender, e ninguém fez nada”, desabafou.
Lei aprovada
Para Elisângela, a aprovação da lei é um avanço, mas precisa sair do papel. “É um grande avanço, porque agora tem algo que regulamenta. Mas as autoridades precisam ficar atentas. A Secretaria de Esporte tem que estar atuante, porque o Lucas é só mais um. Isso acontece com frequência nos campos do Brasil e do mundo. Cabe a nós fazer a diferença”, enfatizou a avó do atleta.
O sonho prevalece
Apesar da dor, Lucas seguiu firme. Ele continua jogando, sonhando e lutando por um futuro melhor. “Esse ano vou estrear de novo. Meu técnico e minha família me ajudaram. Vou ignorar as críticas e continuar batalhando”, afirmou o jovem atleta.
Com a nova lei, a esperança é que nenhuma outra criança precise passar pelo que Lucas enfrentou. O esporte deve ser um espaço de inclusão, respeito e igualdade, e agora, Três Lagoas dá um passo importante nessa direção.