O empresário José Roberto Colnaghi, principal acionista do grupo Asperbras, de Penápolis (SP), e que instala uma unidade em Água Clara (MS) para a fabricação de tubos e dutos de plástico para irrigação, foi detido pela Polícia Judiciária de Portugal – equivalente à Polícia Federal brasileira -, em Lisboa, na semana passada, após admitir envolvimento em um caso de corrupção e lavagem de dinheiro em negócios realizados no Brasil, Congo-Brazaville, Angola e Suíça.
Para sair, Colnaghi aceitou pagar fiança de R$ 10,8 milhões (€ 3 milhões) em um processo que apura a compra de uma mansão de mais de quatro milhões de euros na Quinta da Marinha, em Cascais, no litoral português, para "presentear" o ministro das Finanças da República do Congo, Gilbert Ondongo. A casa havia sido comprada pela Asperbras.
Segundo depoimento do empresário ao Ministério Público português, a compra teve ajuda dos empresários José Veiga e de Paulo Santana Lopes – dois dos envolvidos em outros escândalos de crimes semelhantes cometidos a partir de 2005, quando a Asperbras entrou em ascenção ao fechar contratos milionários com o governo federal.
Colnaghi foi investigado por operações com o Trade Bank, via Angola, em 2007, e hoje figura em inquéritos da operação Lava Jato sobre subornos pagos em troca de contratos na Petrobras. Ele também seria financiador da campanha eleitoral do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT).
O empresário é sócio de José Veiga, no Congo-Brazzaville, país que é o quarto maior produtor de petróleo da África. Veiga foi preso no início deste ano, suspeito de integrar um esquema de enriquecimento ilícito, com milhões de euros apreendidos por autoridades portuguesas.
Ondongo é investigado por liderar negociações com o ex-ministro do Planejamento, Antonio Palocci, durante o governo do ex-presidente Lula, para anular uma dívida de US$ 352,6 milhões (aproximadamente R$ 1,1 bilhão) que o Congo mantinha com o Brasil desde os anos 70. Em maio de 2013, a ex-presidente Dilma Rousseff perdoou 79% dessa dívida, com aprovação do Senado. Na negociação, a Asperbras teria recebido US$ 1 bilhão (R$ 3,3 bilhões) em contratos no Brasil e no Congo, segundo investigação da Procuradoria de Justiça de Lisboa.