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Tarifa de Trump fecha etanol nos EUA e abre portas para o milho brasileiro

Tarifa de Trump fecha etanol nos EUA, mas analista Roberto Rafael prevê alta no milho brasileiro em 2025. Veja os impactos!

Roberto Rafael, acredita que tarifas norte-americanas farecem o Brasil
Roberto Rafael, acredita que tarifas norte-americanas farecem o Brasil

As tarifas impostas pelo governo de Trump aos produtos brasileiros, anunciadas na última semana, estão gerando impactos significativos no agronegócio nacional.

Em destaque no programa “O Agro é Massa” da Massa FM nesta terça-feira (08/04/2025), o analista de mercado Roberto Rafael trouxe projeções otimistas para o milho brasileiro, apesar do fechamento do mercado norte-americano ao etanol.

Com um consumo interno estimado em 91 milhões de toneladas em 2025, o cereal pode se beneficiar de uma demanda crescente, enquanto novos mercados internacionais surgem como alternativa às exportações.

Etanol fora dos EUA e novas Oportunidades

A tarifa norte-americana, que subiu de 2,5% para até 12,5% sobre o etanol brasileiro, foi apontada como um obstáculo definitivo às exportações para os Estados Unidos.

Segundo relatório da Datagro, em 2024, os EUA importaram 330 milhões de litros, apenas 16,4% do total exportado pelo Brasil.

Com o aumento tarifário, esse fluxo será inviabilizado. No entanto, Rafael destacou que o cenário pode favorecer o milho, principal matéria-prima do etanol no Brasil.

Países como Canadá, Reino Unido e Índia, afetados pelas mesmas tarifas de Trump, podem abrir espaço para o biocombustível brasileiro, aquecendo indiretamente o mercado interno do cereal.

Consumo de milho em alta no Brasil

Para 2025, Roberto Rafael prevê um consumo doméstico de milho superior aos 90 milhões de toneladas estimados pela Conab, alcançando 91 milhões.

Esse crescimento, impulsionado pelo setor de etanol e rações, reflete a expansão do biocombustível, que deve absorver cerca de 20 milhões de toneladas este ano – quase 25% da demanda anual.

“O etanol está puxando o consumo, junto com o setor de rações”, afirmou o analista.

Com estoques de passagem estimados em 15 milhões de toneladas, sendo 10 a 11 milhões nas mãos da indústria, a oferta interna permanece equilibrada até maio, mas a pressão por compras deve elevar os preços no mercado spot.

Exportações e Preços em Perspectiva

No ano-safra 2023/2024, o Brasil exportou 38 milhões de toneladas de milho, superando projeções iniciais. Para o analista, 2025 pode registrar até 40 milhões, dependendo da safrinha, cujo desempenho ainda é incerto devido ao clima e ao atraso no plantio da soja.

“Temos excedentes, e o mercado interno está pagando mais que a paridade de exportação”, explicou.

Em Campinas (SP), referência da B3, os preços caíram de R$ 93-94 para R$ 85 por saca em poucas semanas, mas seguem acima do valor exportável, beneficiando produtores que priorizam vendas domésticas.

A safra americana, com 2 milhões de hectares a mais, também será decisiva para os preços globais.

Outros Destaques do Agronegócio

Além do milho, o programa abordou o Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária, projetado em R$ 1,421 trilhão para 2025, alta de 10,1% sobre 2024, segundo o Ministério da Agricultura.

As lavouras contribuirão com R$ 943,39 bilhões (66%), com destaque para o café (crescimento de 43,2%) e o cacau (24,6%).

Na pecuária, o VBP deve atingir R$ 477,74 bilhões, liderado pela bovinocultura (20,3%). Exportações de carne de frango cresceram 13,9% em março, gerando US$ 889 milhões, enquanto a carne suína registrou alta de 26,6%.

Em Maracaju (MS), cursos do Senar e do Sindicato Rural qualificaram centenas de trabalhadores no primeiro trimestre, atendendo à demanda por mão de obra na agroindústria.

Fórum Agro na Expogrande

O Fórum Agro, marcado para 10 de abril na Expogrande 2025, em Campo Grande, foi anunciado como um evento-chave para o setor. Realizado pela Acrisul e Lide-MS, contará com palestras do governador Eduardo Riedel e especialistas como Jaime Verruck e Marcelo Moreira, discutindo cadeias produtivas e perspectivas globais.

O Congresso da Abramilho, em 14 de maio em Brasília, também abordará o impacto das tarifas de Trump em um painel sobre reciprocidade tarifária e ambiental.