É a velha pergunta sempre presente quando se discute eleições! Prefeito, governador e presidente conseguem transferir votos para qualquer candidato? Os exemplos que todos conhecem por aí dizem que tudo isso depende de uma combinação de vários fatores. Mas cada caso é um caso!
Aliás, o recado que acaba de chegar do democrático Chile deve estar tirando o sono de muita gente em Brasília. Afinal, de nada adiantaram o bom momento econômico do país e o currículo do candidato Frei apoiado pela presidenta Bachelet. Prevaleceu o sentimento de inquietude do eleitorado que simplesmente resolveu optar por um empresário sem tradição na vida pública.
Todos os observadores e políticos que conseguem analisar sem paixão, são unânimes: para se transferir votos pesam muito o ambiente de entusiasmo, de confiança e a questão do bolso. Também a diferença de prestígio entre o fiador da candidatura e o candidato não pode ser exagerada porque enseja uma comparação instintiva entre ambos pelo eleitorado. É como um rapaz muito bonito casar com uma mulher muito feia. Provoca suspeitas!
Os exemplos são perigosos, mas nunca é demais lembrar alguns. Bill Clinton tinha aprovação de mais de 70% e não fez o sucessor. Juscelino estava na ponta dos cascos mas Jânio derrotou o marechal Lot. Pedrossian jamais elegeu um sucessor. Claro que são situações parecidas, mas cada uma delas com suas particularidades locais. É aí que mora o perigo!
Mas o que é preciso lembrar é que nem sempre o currículo e o apelo do candidato são suficientes para se conquistar a vitória. O eleitor reconhece o bom momento, a boa administração do apoiador, mas foca na necessidade de mudança de estilo e das pessoas no entorno do poder. Seria como ponderar: “se o Lula conseguiu ir também, sem nenhuma experiência, imagine então o que o Serra poderá fazer!”
Dilma não é um poste, mas convenhamos: não é nenhuma “Brastemp”. E seria o caso de se perguntar: Lula tem mesmo interesse em elegê-la, assim como JK apoiando Lot? Nunca é demais ressaltar: o grande debate político ainda não começou apesar do palanque antecipado do Planalto. Não se pode ignorar que Lula será o grande eleitor nestas eleições. Evidente, óbvio!
Mas ele não é a Dilma. Ele é o Lula!
Manoel Afonso
(meu blog www.manoelafonso.com.br)