É mais fácil o sargento Garcia prender o Zorro do que a vereança brasileira mudar de postura. Lendo na internet os jornais de cidades das mais diferentes regiões, deparamos frequentemente com notícias desalentadoras envolvendo integrantes do poder legislativo municipal.
Galhofas, demagogia, falta de bom senso, de ética, de preparo e até suspeitas ou acusações de conduta ilícita compõem um quadro que já se tornou banal, numa adoção explícita da filosofia do “vale tudo”. A cada eleição, as esperanças de mudança para melhor se renovam, mas logo a opinião pública percebe de que só os “atores” mudaram, pois o “roteiro do filme” é exatamente o mesmo do anterior.
Cada leitor, das dezenas de cidades onde esse texto é publicado ou circula, já deve ter subsídios consideráveis para avaliar o nível da Câmara e antever o futuro nos próximos quatro anos. Em alguns casos, onde já ocorreram sessões extraordinárias convocadas pelo Executivo, ficou visível a preocupação maior dos vereadores com o subsídio extra (garantido por lei) do que com a análise mais apurada da matéria em pauta.
O leitor deve estar se perguntando: será que escolhi pelo menos o melhor intencionado? No interior, onde a palavra segredo não existe, a opinião pública vai monitorando seus novos vereadores e na maioria dos casos já percebe mudanças de conduta e de prioridade deles. Afinal, sair do anonimato para a notoriedade exige uma série de predicados.
Mas é incrível como os novos “legisladores” se parecem com os recrutas do exercito: aprenderão algumas regras rapidamente. Entre elas, os artifícios para engordar seus vencimentos com o reembolso de diárias, participando de “missões oficiais” na capital, em Brasília, ou para representar o município nos famosos congressos de vereança que acontecem sempre nas cidades turísticas.
Vale dizer que , que tem sido comum a visita dos vereadores à Assembléia Legislativa do nosso Estado, onde assistem as sessões por alguns minutos ou visitam um gabinete de deputado, colhendo um comprovante que será usando no processo administrativo do reembolso. Isso sem contar o truque das notas fiscais emitidas de favor pelos hotéis com valores de gastos majorados.
Exceções? Existem é lógico. Mas esses poucos abnegados são impotentes diante da maioria preocupada apenas com a própria situação. Como diz a irônica letra do hino: “brava gente brasileira…”
Manoel Afonso escreve a coluna Ampla Visão para o JP