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Vereança: e o nível melhora?

Em se tratando do nível das futuras Câmaras Municipais, será que “as coisas mudarão para ficar como estão?” – como dizia Lampeduza? Pode parecer excesso de pessimismo, mas os sinais até aqui indicam que as perspectivas não são nada animadoras.
Alguém pode até ponderar: “mas a renovação na maioria dos legislativos municipais foi inegável!”  Mas isso não assegura que todos os eleitos preencham os requisitos ao bom exercício da vereança. Não são poucos aqueles que simplesmente aproveitaram do momento de descontentamento e apresentaram seus nomes sem desgastes aos olhos do eleitorado.
Não sejamos hipócritas! Vota-se muito por aí   pelas ligações religiosas, troca de favores, simpatia pessoal, gratidão, parentesco e por outros motivos que dispensam citação.  Exceções existem, é claro!
As notícias que têm chegado após as eleições significam uma espécie de prenúncio do que vem aí. Futuros vereadores jogam no lixo a máscara da ética e mostram a que vieram!  Querem levar vantagens de todos os tipos imagináveis: desde a eleição para a futura mesa diretora até a contribuição na parceria com o Executivo. É a velha pratica  “é dando que se recebe”.
O exercício da vereança, além dos predicados morais, exige conhecimento técnico sobre a complicada legislação que vai da Constituição Federal, passando pela Lei Orgânica dos Municípios, Constituição Estadual e Regimento Interno da Câmara Municipal. É sobre esses assuntos que a atenção dos futuros vereadores deveria estar focada.
Como o exercício da vereança acabou virando    profissão para grande parte dos “legisladores municipais”, não serão poucos aqueles que  seduzidos pelo poder, deixarão em segundo plano suas atividades profissionais. Ignoram que o poder também desgasta e que os quatro anos passam num piscar de olhos.
Além do povo, quem tem motivos para se preocupar com o quadro são os futuros prefeitos. Não querem se tornar reféns dos vereadores pagando resgates diversos como nomeações de parentes, correligionários, mensalinho, combustíveis etc.   Aliás, na conversa com alguns deles, ouvi relato de episódios inacreditáveis de cobranças antecipadas por parte de vereadores eleitos.
Se  você acredita em Branca de Neve, Saci Pererê, Fada Mágica e no Pó de Pirlimpimpim,  então esteja certo que o nível comportamental da vereança municipal mudará para melhorar.
 Aí… estará provado que Papai Noel existe!

 

Manoel Afonso escreve a coluna Ampla Visão para o JP. Email:[email protected]