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Casais com HIV têm filhos saudáveis após inseminação artificial

Em laboratório, especialistas conseguem isolar o vírus e evitar a contaminação do embrião e do parceiro. Tratamento é feito pelo SUS

Casais com HIV já podem fazer inseminação artificial pelo SUS para ter filhos saudáveis e sem risco de contaminar os parceiros. O Ambulatório de Reprodução Assistida do Centro de Referência em DST/Aids, em São Paulo, inaugurado em 2010, já atendeu cerca de 150 casais, dos quais 31 estão em fase de tentativa de gravidez e quatro gestações estão em andamento.

Para reduzir ao máximo o risco de contaminação, quando apenas a mulher é soropositiva, é feita uma inseminação artificial comum, em que o sêmem é colocado na parceira com o uso de uma seringa. Se o homem for soropositivo (ou o casal), antes da inseminação, é feita uma “lavagem de esperma”, procedimento que separa o HIV do sêmem em laboratório. “Fazemos um exame de carga viral para certificar que não há mais vírus e só depois é feita a inseminação. Com estes cuidados, a chance de contaminação é bem próxima de zero”, diz a infectologista Rita Sarti, coordenadora do ambulatório.

A médica ressalta que antes de engravidar, o casal tem que se planejar e é essencial que a pessoa soropositiva esteja em tratamento constante. “Tem que tomar os remédios e estar com uma carga viral indetectável, sem infecção oportunista e com uma contagem de células de defesa estável”, afirma.

A professora Luciana*, de 35 anos, é casada com um homem soropositivo e procurou o ambulatório para ter filho. Na primeira inseminação, ela engravidou e agora está no quarto mês de gestação. “O processo foi muito rápido e muito seguro. Já fiz os exames de HIV e deu tudo negativo”, diz a professora. “Já tínhamos procurado clínicas particulares, mas era muito caro. É a realização de um sonho para mim e pro meu marido”.

A gravidez de Luciana agora segue normalmente. No caso de mães soropositivas, os cuidados continuam até os primeiros dias de vida do bebê. “Na hora do parto, o nenê recebe um coquetel de remédios e fazemos um teste rápido de HIV para ver se não houve contaminação”, diz o Dr Waldemar Carvalho, coordenador do Centro de Reprodução Assistida (Crase) da Faculdade de Medicina do ABC, que trabalha em parceria com o ambulatório.

O médico conta que no Brasil, 80 crianças saudáveis já nasceram graças ao processo de inseminação artificial e que nos últimos 6 anos, não houve um único caso de contaminação. Mas ressalta que o serviço gratuito ainda é pouco conhecido pelos casais soropositivos. “Muitas vezes, eles têm relações sexuais sem proteção para ter filhos e se expõe ao risco de contaminação desnecessariamente”. O Ambulatório de Reprodução Assistida atende pacientes de todo o Estado de São Paulo. Funciona todas as sextas-feiras, a partir das 7h. Quem quiser se inscrever, pode ligar para (11) 5087 9889.

*o nome da personagem foi trocado para preservar a sua identidade