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Alerta

Conheça sinais e sintomas de nódulos da tireoide

Cirurgião oncológico explica avaliação e indica o possível tratamento cirúrgico

Oncologista Rodrigo Melão explica detalhes da enfermidade   - Danilo Fiuza/JP
Oncologista Rodrigo Melão explica detalhes da enfermidade - Danilo Fiuza/JP

O aumento no número de pessoas com problemas de tireoide chama a atenção e acende sinal de alerta entre especialistas. A doença pode provocar desde mudanças no corpo como o emagrecimento rápido, ou o ganho de peso, até sintomas bem mais graves. A tireoide é uma glândula que fica na região do pescoço e provoca o surgimento de nódulos, sendo mais comum em mulheres, como explica o oncologista Rodrigo Melão.

Pesquisas apontam ainda que aproximadamente 10% da população adulta tem nódulos da tireoide e, desse número, cerca de 90% são benignos. Só neste ano, surgiram 1.090 casos de câncer de tireoide em homens e 5.870 em mulheres.

Jornal do Povo – Quais as doenças que podem acometer a glândula tireoide?

Rodrigo Melão – A tireoide pode sofrer com doenças que acometam sua forma (aumento difuso ou nodular), função (hipertireoidismo ou hipotireoidismo) ou ambas. Os nódulos podem ser únicos ou múltiplos, benignos ou malignos, produtores de hormônio ou não. A grande maioria dos nódulos tireoidianos é benigno e não produz hormônios. Devido à presença dos nódulos, a glândula pode “crescer” e causar falta de ar ou dificuldade para engolir. Porém, nem todas as tireoides aumentadas têm nódulos.

Como surgem nódulos?
Os fatores mais claramente relacionados são a carência de iodo na dieta e o hipotireoidismo (elevação do TSH). Há, sem dúvida, uma maior predisposição de se desenvolver nódulos com o avanço da idade. Alguns estudos mostram que o consumo de iodo em excesso leva ao aparecimento do bócio, assim, como a gravidez aumenta chances de surgirem nódulos, que devem ser avaliados para afastar o risco de ser câncer.

Como é o diagnóstico?
A avaliação ultrassonográfica é um dos principais métodos para a verificação. Algumas características do nódulo podem sugerir a possibilidade de tumor maligno. Associado ao ultrassom, a PAAF [Punção Aspirativa por Agulha Fina] fornece dados citológicos que podem confirmar as informações.

Quais os principais tipos de câncer da tireoide?
Pode ser dividido em cânceres bem diferentes – papilar e folicular – como, carcinoma medular e carcinoma anaplásico. Aproximadamente 65% a 80% dos casos são diagnosticados como câncer de tireoide papilar; de 10% a 15% foliculares; de 5% a 10%  medulares e de 3% a 5% dos casos diagnosticados são anaplásicos.

Como é o tratamento?
Depende do estágio da doença. Os tratamentos, que geralmente são bem-sucedidos, incluem cirurgia, terapia hormonal, iodo radioativo e raramente, em casos já avançados, radioterapia e quimioterapia, com tireoidectomia total. A cirurgia retira a glândula tireoide e resseca gânglios linfáticos adjacentes, acometidos pelo tumor. No pós-operatório faz-se a supressão hormonal, que consiste, resumidamente, em repor o hormônio tireoidiano com uma dose um pouco superior à necessária, com o intuito de diminuir a produção, pela hipófise, do TSH, um hormônio que estimula o crescimento do câncer de tireoide. O objetivo é deixar os níveis de TSH em um valor inferior ao nível normal.

Há chances de cura?
Cânceres em estágios iniciais têm chance de cura. Diversos estudos revelam que pacientes submetidos ao tratamento de câncer bem diferenciado de tireoide têm até 95% de chance de estarem vivos após 20 anos. Pacientes que não têm boa evolução normalmente recorrem tardiamente.