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Denúncia

Descaso leva morte e falta de assistência a comunidades indígenas de Dourados

Em meio a ameaças, moradores da Aldeia Jaguapiru denunciam precariedade na Saúde

Em meio a ameaças, moradores da Aldeia Jaguapiru denunciam precariedade na Saúde - Foto: Arquivo de denúncia
Em meio a ameaças, moradores da Aldeia Jaguapiru denunciam precariedade na Saúde - Foto: Arquivo de denúncia

Diversos problemas foram escancarados com a pandemia, entre eles, o descaso com a saúde indígena. A Aldeia Jaguapiru, em Dourados, a 229km da capital de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, abriga quase 20 mil pessoas entre as etnias Kaiowá, Guarani e Terena, onde o vírus chegou em maio do ano passado, levado por pessoas que precisavam se deslocar até a cidade para trabalhar.

Até o dia 18 de junho de 2021, o polo base de Dourados, que é responsável pela assistência à saúde indígena da região, contabilizava 673 casos confirmados de covid-19 desde o início da pandemia e 14 mortes causadas pela doença entre os indígenas.

A assistência à saúde indígena na região poderia ter evitado mortes e a dissipação em massa de casos positivos, visto que, conforme denunciado, o Polo-Base de Saúde recebeu seringas enferrujadas, profissionais foram ameaçados, alguns demitidos e muitos seguem com medo das intimidações.

Confira a reportagem na íntegra:

Sobre a denúncia

Moradores e profissionais indígenas denunciam a falta de assistência no enfrentamento a pandemia e até mesmo antes da chegada do vírus. Conforme a professora Kaiowá, Luciane Machado, para não expor os problemas e má gestão, os profissionais são ameaçados com os próprios empregos.

“O que mais pesou foi que repentinamente essas cartas vieram de ameaças primeiro, como em forma de nos calar. Os profissionais que receberam leram para nós. Cartas que identificam até mesmo um preconceito e eu penso que, principalmente, pelo fato dele terem ido para a mídia, e daí acredito que isso não deu uma boa visão da parte deles, como gestores”, contou Luciane.

UBS da Aldeia Jaguapiru

Uma das fontes, que pediu para não ser identificada (aqui a identificaremos como Ângelo da Silva), disse que chegaram a ter de contar com doações de EPIs para seguir trabalhando, ou até mesmo comprar com o próprio salário. “Avental, máscara, gorros, isso aí é tudo descartável, se não for doado, praticamente nós temos que parar de trabalhar”, revelou.

Ainda conforme Ângelo, a situação é extremamente precária, chegando à falta medicamentos básicos. “Esses dias atrás estava faltando até medicamentos hipertensivos, dipirona, paracetamol, o básico que temos nos postos e aqui, não tinha”.

Os profissionais que denunciam os problemas, quando não são demitidos, calam-se por medo após intimidações da chefia, que chegou a ‘boicotar’ uma reunião pacífica, sob ameaça de demitir os presentes.

“Ele falou que vai manter a reunião, porém, quem estiver na reunião vai ser penalizado, tá. Então, é melhor vocês nem irem”, disse uma das coordenadoras do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) de Mato Grosso do Sul.

Comissão de professores, criada antes da pandemia, denunciou descaso com a saúde indígena

Apesar de diversas tentativas de diálogo com o DSEI e com a SESAI (Secretaria Especial de Saúde Indígena), seguimos sem respostas pontuais. Entre telefonemas e e-mails, uma das chefes do DSEI, afirmou que o assunto é requentado e que não existe no contexto atual. Entretanto, provas apresentadas pelos indígenas aponta que a denúncia é verídica e atual.

Em documento entregue ao Ministério Público Federal de MS e ao Ministério Público do Trabalho, os indígenas apresentam provas por meio de áudios, mensagens, fotos e vídeos que, retratam o atual cenário na aldeia.

Em no o MPF-MS disse que “Já existe uma ação ajuizada e o órgão está em vias de ajuizar a segunda. Considerando isso, o procurador responsável prefere aguardar o efetivo ajuizamento para falar com a imprensa.”.