Jovens entre 18 e 24 anos são os que mais consomem álcool no país. De acordo com a secretária nacional de Políticas sobre Drogas, Paulina Duarte, 9% dessa população bebem mais de cinco doses de álcool em menos de duas horas. Desses, 15% consomem bebidas alcoólicas mais de uma vez por semana.
“Nosso grande problema é o exército de jovens entre 18 e 24 anos que bebe desbragadamente. [Esses jovens] Têm uma intensidade de consumo muito alto”, afirmou ontem (31) a secretária, durante audiência pública na Comissão Especial sobre Bebidas Alcoólicas da Câmara dos Deputados.
Segundo Paulina Duarte, 52% dos jovens que consomem álcool com frequência apresentam problemas de saúde, psicológicos e familiares. Desse total, 38% têm problemas físicos, 18% têm problemas familiares e 23% relataram que já se envolveram, pelo menos uma vez, em uma situação de violência. “Essa é a população mais vulnerável no Brasil em relação ao álcool.”
Entre os universitários, o consumo é mais intenso. Nos últimos 12 meses, 76% dos estudantes de ensino superior consumiram bebidas alcoólicas e, nos últimos 30 dias, esse percentual chega a 60%. “A dependência do álcool é uma doença crônica e progressiva, 3% dos jovens estão em altíssimo risco de se tornarem dependentes químicos”, disse a secretária.
Estudos feitos pela Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad) têm apontado que o início do consumo no Brasil tem ocorrido entre os 11 e 13 anos de idade. “Lamentavelmente, grande parte da população informa que teve o primeiro contato com o álcool dentro de casa”, afirmou Paulina Duarte.
Nas escolas públicas e particulares das 27 capitais brasileiras, 42% dos alunos dos ensinos fundamental e médio consumiram bebidas alcoólicas no último ano. “Isso é muito grave. Quase a metade dos estudantes do país [já tomou bebida alcóolica]”.
Para a secretária de Políticas sobre Drogas, a adoção de medidas isoladas não diminui o impacto do consumo de álcool entre a população. “Temos trabalhado, no Brasil, na implantação da política nacional sobre álcool, que prevê modificação da legislação, como já fizemos com a Lei Seca, além do aumento do custo da bebida, da fiscalização e da educação [da sociedade].”
De acordo com o especialista em dependência química, Walter Coutinho, existem 22 milhões de dependentes de álcool no país. Para ele, é necessário investir primeiro na desintoxicação do paciente, para, depois, vir a ajudá-lo psicologicamente.
“O problema dele não é parar de beber, mas a decisão de não voltar a beber. Isso o governo não tem condições de fornecer de maneira alguma. Existem apenas 186 Caps [Centros de Atenção Psicossocial] para esses 22 milhões de pessoas”.