Um estudo com lesmas indica que a droga sintética metanfetamina ("crystal meth") aumenta a capacidade de aprendizagem e memorização nesses animais. O resultado pode ajudar a entender por que viciados em tratamento acabam sofrendo recaídas quando se deparam com pessoas e lugares fortemente associados ao consumo da droga.
"É difícil eliminar essas memórias em viciados", afirma Barbara Sorg, da Universidade Estadual de Washington, em Pullman (EUA), líder da pesquisa. O estudo foi publicado no periódico "Journal of Experimental Biology".
O experimento envolveu dois grupos de lesmas colocadas em dois aquários com baixas concentrações de oxigênio.
Normalmente as lesmas respiram pela pele, mas, em ambientes com pouco oxigênio, elas emergem à superfície e respiram por um tubo.
Os cientistas cutucavam as lesmas toda vez que elas emergiam. O estímulo é desagradável e, com o tempo, elas passaram a evitar subir à superfície.
Antes do experimento, apenas um grupo foi exposto a metanfetamina. A ideia era ver se, no dia seguinte, as lesmas do grupo "drogado" e do grupo "não drogado" lembrariam da mesma forma a experiência ruim do cutucão.
Os resultados mostraram que apenas as lesmas "drogadas" lembravam: elas evitavam ir à superfície muito mais do que as lesmas "não drogadas", apesar de não haver mais metanfetamina presente no organismo delas. É como se a metanfetamina ajudasse a consolidar a experiência do cutucão do dia anterior.
O estudo com lesmas permite que cientistas observem os efeitos da droga no sistema nervoso em um modelo simples. A partir desse resultado, eles poderão verificar como a droga causa alterações em células individuais.
A metanfetamina já está sendo usada em aplicações clínicas. Em doses baixas, é indicada no tratamento de TDAH (Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade).