O Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul (MPF/MS) quer o fim da fila de espera para a radioterapia no estado. Atualmente, a lista para o tratamento contra o câncer tem 166 nomes e recebeu, nos últimos seis meses, entre 20 e 60 novos pedidos do exame por mês. O MPF cobra da Prefeitura de Campo Grande e do Governo do Estado a estruturação da radioterapia na rede pública de saúde, que atualmente não oferece o tratamento em nenhuma
instituição do estado.
O MPF quer ouvir os pacientes com câncer e convoca a todos que se sentirem prejudicados a comparecer à sede da instituição, em Campo Grande. Existe a suspeita de que os números sobre a doença no estado podem ser ainda maiores, já que prefeituras do interior estariam enviando os doentes para tratamento em outros estados.
A posição do Ministério Público Federal foi anunciada em reunião realizada na segunda (25) com representantes das Secretarias de Saúde estadual e municipal. Eles informaram ao procurador regional dos Direitos do Cidadão, Felipe Fritz Braga, que a solução emergencial é o aumento do repasse de dinheiro público à única clinica particular que aceita novos pacientes para tratamento de radioterapia em Campo Grande. Atualmente, além da clínica Neorad, oferecem o tratamento de radioterapia os Hospitais do Câncer – em Campo Grande – e Evangélico – em Dourados. Os três são particulares, embora os dois hospitais sejam filantrópicos.
A administração do Hospital do Câncer informou ao MPF que não pretende ampliar o atendimento à população, pois o aparelho de radioterapia teria limitação no horário de funcionamento.
Segundo o procurador regional dos Direitos do Cidadão, Felipe Fritz Braga, “o paciente oncológico que precisa de radioterapia no Sistema Único de Saúde de Mato Grosso do Sul está nas mãos de instituições privadas. Se não quiserem ou não puderem atender, o paciente tem de viajar para outros estados. Para resolver o problema, é preciso investimento público em estruturação da rede pública”.
O procurador regional dos Direitos do Cidadão, Felipe Fritz Braga, informa que os repasses, atualmente em 70 mil reais ao mês, permitem o atendimento de apenas 17 pacientes, em média, o que termina por gerar a fila de espera de pessoas que aguardam tratamento.
As Secretarias se comprometeram a apresentar, em 17 de novembro, proposta para acabar com a fila de espera. O Governo do Estado deve apresentar, ainda, projeto de implementação de radioterapia no Hospital Regional de Campo Grande.
O Ministério Público Federal também acompanha a situação do setor de oncologia (que faz o tratamento contra o câncer) do Hospital da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (HU/ UFMS). A radioterapia do HU está desativada há dois anos. A direção do hospital informou ao MPF que o setor passou por manutenção e estaria pronto para funcionar.