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Transplante de doador morto não está funcionando em MS, diz Santa Casa

De acordo com a direção do hospital é cada vez mais comum pacientes de outros estados buscarem tratamento na Santa Casa

A falta de estrutura e de médicos especialistas na Santa Casa de Campo Grande compromete o atendimento em outro importante setor da unidade, o de transplantes. O hospital é o único credenciado para fazer cirurgias de rim em Mato Grosso do Sul e ainda recebe pacientes de outros estados.

Em recuperação depois de um transplante de rim, dona Luz Divina, de 62 anos, respira aliviada na Santa Casa da capital. Há 8 anos a aposentada fazia sessões de hemodiálise. Ela mora em Jarú, em Rondônia, e viajou mais de 2.300 quilômetros até Campo Grande para realizar a cirurgia.

“Não sei nem como vou agradecer. É uma coisa que primeiro agradecemos a Deus e depois ao doador”, diz a aposentada.

De acordo com a direção do hospital é cada vez mais comum pacientes de outros estados buscarem tratamento na Santa Casa.

A central que gerencia o sistema diz que no Sistema Único de Saúde (SUS) as verbas para transplante são ilimitadas. O problema é que há poucos hospitais habilitados para este tipo de cirurgia.

“Por nós termos somente um hospital autorizado que é a Santa Casa, nos precisamos autorizar mais hospitais e também mais equipes, mais profissionais, para que não sufoque somente algumas equipes e somente um hospital”, explica a diretora da Central de Transplantes, Claire Miozzo.

Trezentos e noventa pacientes estão na fila de espera de um rim. A Santa Casa de Campo Grande é o único hospital do estado que faz transplantes de rim. Por falta de profissionais, apenas um procedimento é realizado por semana. Este ano o setor chegou a ficar quatro meses interditado e só retomou a atividade no final de abril.

A falta de médicos gera um outro problema. A central não consegue mais fazer transplantes de órgão de pacientes mortos. Só este ano a Santa Casa de Campo Grande dispensou 12 rins que foram enviados para outros estados.

A médica responsável pelo setor de transplantes da Santa Casa explica que se houvesse mais 12 médicos a instituição poderia realizar um transplante por dia e também aproveitar órgãos de pacientes mortos.

“Como não sabemos o dia que vai ter o doador a escala tem que estar pronta e tem que ter médico disponível nessa escala. E ai não tem quem pague esse médico e não tem essa escala pronta. Por isso, que não está funcionando o transplante do doador morto aqui no estado”, explica a responsável pelo setor de Transplantes da Santa Casa, Thaís Maria Vendas.

E a Santa Casa não conseguiu renovar a autorização do Ministério da Saúde para realizar transplantes de coração e córnea. Cinco unidades de Mato Grosso do Sul fazem cirurgias de córnea, mas apenas o Hospital São Julião, em Campo Grande, atende pelo SUS.