A cada mês, 114 mulheres sofrem algum tipo de violência doméstica ou familiar, em Três Lagoas. Na maioria dos casos, o agressor é o marido, companheiro ou ex, segundo dados registrados pela Polícia Civil. Os casos são encaminhados para a Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM), que registrou 804 boletins de ocorrência deste tipo, no período de janeiro a julho deste ano, o que corresponde a, média, de quatro mulheres agredidas por dia, no município.
O número é considerado alto pelas autoridades de segurança da região. A delegada titular Letícia Mobis observa que, apesar do levantamento negativo, os registros refletem que as vítimas estão denunciando mais. De acordo com ela, a maioria dos casos é de lesão corporal, ameaça, agressão física e injúria.
“A quantidade de ocorrências é grande e percebemos que tem se mantido estável, entre 1.500 e 1.600 boletins por ano, o que faz com que Três Lagoas seja a terceira cidade de Mato Grosso do Sul com mais casos de violência contra a mulher”, pontuou ao citar que Campo Grande e Dourados lideram a lista.
Ela avalia que isso é consequência de uma mudança de comportamento das mulheres vítimas de agressão, que passaram a procurar a delegacia no primeiro sinal de violência, ainda nos casos de ameaça e injúria.
Diferente do que ocorria no passado, agora as mulheres não podem mais retirar a denúncia contra o agressor. A delegada frisa ainda que este tipo de violência não tem característica específica e não escolhe classe social ou perfil de mulher.
A mesma situação seria para com o agressor. “Esses agressores não são aqueles que chamamos de ‘bandidos profissional’, não tem passagens por outros delitos. São aqueles homens comum que dirigem a violência a vítima. E essas vítimas são jovens, com idades de 20 a 35 anos”, concluiu a delegada. A pena aplicada no caso de lesão, de acordo com ela, é de três anos. Em relação aos crimes de injúria e ameaças, a pena poder ser de seis meses a um ano.
DISK 180
Além das delegacias, mulheres atacadas também podem denunciar agressores pelo programa Disk 180, criado há seis anos para receber e encaminhar os casos para os locais solicitados.
MEDIDA PROTETIVA
Depois de ser aberto inquérito na Polícia Civil, o caso pode avançar para medida protetiva junto ao Poder Judiciário. Atualmente, cinco pedidos deste tipo , em média, são feitos pela Delegacia Especializada, em Três Lagoas, a cada mês.
Com a determinação judicial, por exemplo, o agressor pode ser impedido de se aproximar da vítima e até de permanecer no mesmo local que ela, como casa, trabalho, etc. (Kelly Martins)