Vinte e oito abusos sexuais contra crianças e adolescentes ocorreram nos primeiros cinco meses do ano, em Três Lagoas. Em muitas destas situações, os agressores foram os próprios pais das vítimas que, segundo dados do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), têm entre 6 e 16 anos de idade.
O número já corresponde a 44% de todos os registros de 2015, o que gera preocupação, porque a cada cinco dias pelo menos um menor é abusado sexualmente no município.
“Os casos normalmente ocorrem dentro da família. As vítimas são abusadas por pais, padrastos, avôs, tios ou irmãos. Também por amigos íntimos da família, que de alguma forma, passam a ter contato com a criança ou adolescente”, frisou a coordenadora Creas, Vera Renó.
De acordo com o levantamento, quatro dos 28 abusos foram contra meninos de 8 e 9 anos de idade. Outros 23 ocorreram com meninas, com idades entre 6 e 16 anos. O fato mais recente envolveu uma menina de 13 anos que teria sido abusado pelo tio. O suspeito foi preso na segunda-feira (16) com fotos da vítima seminua em um celular e confessou já ter tocado as partes íntimas da menor.
A psicóloga Marisa Paro Rodrigues, do Creas, alerta sobre o uso de celulares, aplicativos e rede social para a prática deste tipo de crime. “A família precisa estar atenta a essas questões de uso da mídia, do celular. Existe uma prática muito grande de adolescentes que tiram fotos e mandam para pessoas que posteriormente se tornam os agressores. Muitos têm a intenção de cometer o abuso sexual por uma troca ou presentes, como um tênis, roupa, objetos”, explica.
Ela também pontua que 44% dos agressores são os pais das vítimas e que 70% dos casos envolvem meninas. Em 2015, Três Lagoas registrou 63 casos de abusos sexuais, sendo 53 deles contra meninas e 10 referentes a meninos. Um dos fatos que chamou a atenção e ganhou repercussão foi de uma criança de apenas dois anos de idade abusada sexualmente pelo pai.
As denúncias são encaminhadas ao Conselho Tutelar e direcionadas ao Creas, que oferece atendimento psicológico às vítimas. Em algumas situações, como observa a psicóloga, o acompanhamento às famílias chega a durar até um ano.