De novo estamos diante de um surto da dengue, uma moléstia comum em nações subdesenvolvidas que revela, além do fracasso do poder público para combater o problema, a falta de conscientização e de cuidado da população com o ambiente em que vivemos. Cada cidadão precisa assumir a sua responsabilidade social para que o coletivo não sofra as consequências da inconsequência individual. Mal saímos de um dos piores momentos da saúde pública, com a pandemia da COVID-19, e outra ameaça já ronda as nossas vidas. Ou melhor, volta a rondar porque o dever de casa não foi feito pela sociedade.
Muito se falou sobre retomar a rotina diante do “novo normal”. Mas, no caso da dengue, até onde é normal convivermos com o surgimento de novos casos quando eles podem ser absolutamente evitados de acordo com os cientistas? Em Mato Grosso do Sul as mortes por dengue ocorrem todos os anos, em maior ou menor escala. E, neste ano de 2022, os registros oficiais das instituições de saúde apontam que o número de mortes voltou a crescer e já contabiliza 21 vítimas fatais dessa doença. A dengue pode e deve ser evitada com ações simples na rotina de vida da população, como a limpeza de quintais, terrenos e piscinas; evitando o acúmulo lixo e de água parada; retirando folhas e galhos das calhas; mantendo limpas as bandejas do ar condicionado e de geladeiras; caixas d’água fechadas; entre outras medidas já conhecidas pela sociedade.
Dos 79 municípios do Estado, 57 apresentam alta incidência da doença antes mesmo do verão começar – o período é considerado o mais crítico para a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, da Zica e da Febre do Chikungunya e, por isso, tornou-se um dos maiores inimigos da saúde pública. A capital do Estado e municípios da Costa Leste estão sob alto risco para essas doenças, com incidência de casos até oito vezes acima do indicador apontado na tabela de classificação do Ministério da Saúde.
Moradores das cidades de Aparecida do Taboado, Inocência, Ribas do Rio Pardo, Paranaíba e Três Lagoas estão assistindo diariamente ao aumento no número de casos, muitas vezes ignorando a prevenção.
O que explica tamanho desleixo no convívio em sociedade? Por que não evoluímos diante desses fatos? Todos sabemos o que deve ser feito, mas poucos são os que preferem agir em prol do coletivo. Sabemos que ainda não surgiu uma vacina considerada eficaz para o controle estratégico do número de casos de dengue na população (a única existente só é recomendada para quem já teve a doença e tem alto custo, sendo disponibilizada apenas em clínicas particulares). Há, portanto, que reforçar as ações, seja a partir de iniciativas individuais ou mesmo em campanhas informativas e mutirões do poder público e, sobretudo, mobilizar com urgência os agentes de saúde para atuarem na diminuição dos focos de transmissão. Esse é exclusivamente o principal meio de combate à dengue: eliminar o mosquito.
Se em pleno século XXI precisamos conviver com o risco de novas epidemias, que tenhamos a consciência de fazer o que nos cabe, sob risco de sofrermos as consequências da negligência dos insanos.